MODULAÇÃO DE GORDURAS NA DIETA (DUDU)

Tempo estimado de leitura: 4 minutos

Compartilhe:

O consumo de gorduras na dieta deve ser ajustado de acordo com a quantidade de carboidratos ingerida, pois os níveis de carboidratos tem grande impacto no metabolismo dos lipídios, tanto no que diz ao colesterol, como no que diz respeito ao armazenamento e perda de gordura.

Em uma dieta normal, segundo as recomendações tradicionais, o consumo de gorduras total na dieta recomendado pode variar de 20 a 30% das calorias totais, onde as necessidades de gorduras devem ser completadas com ácidos graxos essenciais ômega 3 e ômega 6 (gorduras polinsaturadas), gorduras monoinsaturadas (azeite de oliva, canola, abacate, amendoim, nozes) e gorduras saturadas. O uso de gorduras trans está descartado, pois além de não oferecer nenhum benefício à saúde, seu consumo provindo de alimentos industrializados está relacionado a uma séries de problemas metabólicos (afeta negativamente os níveis de lipídeos circulantes, desencadeia a inflamação sistêmica, induz disfunção endotelial, e, de acordo com alguns estudos, aumenta a adiposidade visceral, o peso corporal e resistência à insulina).

As recomendações do consumo de gorduras saturadas pelas organizações de saúde de ~10% do consumo energético total se baseiam em observações gerais, ignorando hábitos alimentares individuais, genética, estilo de vida. A questão do impacto das gorduras saturadas na saúde é controverso, mas grande parte da confusão está em ignorar o contexto dietético, a genética e a rotina do indivíduo. Elas realmente podem ser um problema, assim como o consumo de carboidratos depende da tolerância individual, tipo de carboidrato (simples/ complexo), sensibilidade/resistência à insulina.



No entanto, em uma dieta low carb e hipocalórica a resposta do organismo ao metabolismo do colesterol e das gorduras será diferenciado, em parte pelos baixos níveis de insulina, o que tende a melhorar a sensibilidade à insulina. Alguns estudos parecem indicar que dieta cetogênica (30% de proteína, 8% de carboidratos e 61% de gordura) não tem um efeito deletério sobre o perfil de risco de DCV (doença cardiovascular) e pode melhorar os distúrbios lipídicos característicos de dislipidemia aterogênica.

Dessa forma não faz sentido que as recomendações de gorduras totais e saturadas sejam as mesmas em uma dieta pobre em carboidratos. Estudos mostram que dietas low carb possuem “vantagem metabólica” em relação à dietas tradicionais para perda de peso, ou dietas isocalóricas low fat (mesma quantidade calórica, mas com maior proporção de carboidratos e menor proporção de gorduras). Isso acontece porque o metabolismo dos lipídios é muito dependente dos níveis de carboidratos e insulina, e a lipólise e oxidação de gorduras depende fortemente de baixos níveis de insulina. Lembrando que é recomendado também um maior consumo de proteínas em dietas low carb, devido a um aumento da degradação de proteínas e redução da síntese proteica em dietas pobres em carboidratos, principalmente em indivíduos treinados em força/hipertrofia, com grande massa muscular e baixo percentual de gordura. As recomendações de proteínas em dietas restritas em carboidratos tende a variar entre 2 a 3g/kg, enquanto o consumo de gorduras pode ser mais flexível, desde que se mantenha um consumo mínimo entre ~25-30% das calorias totais.

Uma recomendação maior do consumo de gorduras se faz necessário para preservar a síntese de hormônios sexuais (testosterona, estrogênio) e transporte de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K). Assim, as dietas muito restritas em carboidratos (cetogênica/metabólica) devem ter a maior parte de suas necessidades energéticas advindas do consumo de gorduras, e não seria um problema que boa parte dessas gorduras sejam saturadas nesse contexto. Indivíduos obesos e mais resistentes à insulina podem ter maiores benefícios com esse tipo de dieta, e o aumento de proteínas e gorduras tende a oferecer um melhor controle do apetite e vantagem metabólica na perda de peso.



Apesar da vantagem metabólica das dietas low carb é preciso lembrar que a eficiência da queima de gordura depende de uma certa quantidade de carboidratos (do qual deriva o oxaloacetato), principalmente no longo prazo quando a taxa metabólica tende a reduzir significativamente desacelerando a perda de peso e gordura. Como diz a famosa frase do McArdle: “as gorduras queimam numa fogueira de carboidratos”. Isso explica claramente porque manter carboidratos em um nível muito baixo por muito tempo reduz a eficiência da queima de gordura, o que se reflete também na redução da taxa metabólica. O ciclo de carboidratos é recomendado para aumentar a eficácia desse tipo de dieta, principalmente no caso dos indivíduos que buscam também a manutenção da massa muscular, pois só aumento na ingestão de proteínas pode não ser eficiente. A dieta metabólica em lugar da dieta cetogênica é preferível no caso de fisiculturistas e atletas de força.

abraços, Dudu Haluch

Fonte:
Dudu Haluch
GORDURAS NA DIETA (DUDU)
COLESTEROL E O CONTEXTO DA DIETA (DUDU)




Gostou? Compartilhe!

WhatsApp
Facebook
Twitter
Telegram
Email
Imprimir
Se inscrever
Notificar de
guest
Gostou da publicação?
0 Comentários
Mais votado
Mais novo Mais antigo
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários

PARE, ESCUTE SEU CORPO!

sabe quando vc dá aquela estagnada durante sua evolução (aquela mais difícil de quebrar, q costuma ocorrer com ~8-10 semanas de dieta), e precisa forçar

Leia Mais