Solução Lugol: Uma ”solução” Universal? (por Fernando Miguel)

Tempo estimado de leitura: 14 minutos

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SOLUÇÃO LUGOL: UMA ”SOLUÇÃO” UNIVERSAL? IODO E TIREOIDE.

TEXTO ESCRITO POR FERNANDO MIGUEL.

Tenho notado nos últimos tempos uma crescente no interesse por parte das pessoas pela Solução de Lugol e isso se deve, em grande parte, a uma disseminação pesada por parte de alguns médicos, principalmente da medicina anti envelhecimento no Brasil, os quais afirmam ser de extrema importância para todas as pessoas ou pelo menos a maioria, suplementar Iodo desta forma e acabam prescrevendo de maneira bastante generalizada o medicamento, os mesmos ainda afirmam uma suposta conspiração chamada de Iodofobia por parte da medicina mais tradicional, uma vez que esta não compactuá com tal conduta. Sim, realmente existem muitos, milhões de casos de deficiência de Iodo, mas será mesmo que é assim que deve ser tratado? Ou ainda, será que TODOS realmente devem usar?

Antes de entender o Lugol, aclarar esta confusão toda e mostrar suas reais e necessárias aplicações, é preciso fazer um breve repasso sobre o Iodo e o seu metabolismo, assim o objetivo do texto não é denegrir a imagem de ninguém, muito menos apontar se determinada conduta é certa ou errada (provavelmente este julgamento seja inevitável), mas sim, através de uma compilação de dados, colocar a vocês alguns questionamentos que podem ser importantes e gerar um certo senso crítico antes de tomar uma decisão, como sempre o objetivo é informar e passar conteúdo apoiado em evidências científicas, vamos então avaliar se realmente faz sentido pensar no Lugol como imprescindível, além de conhecer um pouco sobre o Iodo e seus benefícios, com foco principalmente na tireoide (de maneira superficial pois o objetivo do texto não é explicar sobre a glândula em se).

O iodo como oligoelemento, membro da família dos alógenos, é um micronutriente que tem inúmeras funções vitais para o organismo, encontrado em maiores concentrações justamente na glândula tireoide, em adultos saudáveis, essa concentração varia entre 15 a 20mg de iodo. As necessidades fisiológicas diárias durante a vida variam de acordo com a fase, em geral 150mcg para adultos saudáveis, para o American Association Thyreoid, na gravidez por exemplo essas quantidades aumentam, sendo 220cmg uma média estabelecida para não gerar deficiências e 290mcg durante a amamentação, onde cerca de 120mcg de iodeto (a tireoide usa o iodeto e não a forma iodo) são absorvidos pela glândula tireoide para sintetizar seus hormônios.



O iodo é principalmente obtido a partir de alimentos, particularmente vegetais cultivados em solos ricos em iodo e através da água potável. É encontrado na natureza em várias formas: inorgânico de sódio e sais de potássio (iodetos e iodatos), iodo diatómico inorgânico (iodo molecular ou I) e iodo monoatômico orgânico.[1]
Na água e alimentos, o iodo ocorre em grande parte como iodeto inorgânico, sendo absorvido nesta forma através do trato gastrintestinal e transportado na forma livre ou ligado às proteínas do plasma, sendo transportado para a glândula tireoide, com algum acúmulo em outros tecidos. Seu excesso é excretado maioritariamente na urina com alguns resíduos nas fezes e suor.

O chamado bócio é a principal manifestação clínica quando ocorre a sua deficiência. [2]

A ingestão inadequada de iodo pode ser secundária pelo baixo teor de iodo do solo e, conseqüentemente, do alimento consumido ou baixo consumo de frutos do mar. Por outro lado, alimentos goitrogênicos , ( por isso nem todo mundo pode se entupir destes alimentos como brócolis, couve etc) pode levar a uma menor utilização do iodo, o qual por ser um componente indispensável dos hormônios T3 e T4, sua deficiência, interfere seriamente com a síntese dos mesmos.

Quando as reservas de Iodo estão saturadas,o nível de T4 no sangue começa a declinar, a pituitária intervém através do aumento da produção de TSH, que estimula a tireóide para aumentar a captação de iodeto e garantir a liberação de hormônios da tireóide em quantidade adequada. No entanto, no estado de deficiência, quando a captação de iodeto pela tireóide é dificultada seriamente, TSH não promove a liberação de T4 e só acaba com a hiperplasia das células foliculares. Em uma situação de grave carência de iodo, enquanto o nível de T4 mantém-se baixo, o nível de TSH permanece elevado. Sob a estimulação contínua de TSH em áreas endêmicas, a glândula tiroide sofre hipertrofia e hiperplasia de células foliculares e, no processo, aumenta em tamanho e aparece como um bócio, que pode, em certos casos, atingir um tamanho enorme.



Um dado curioso, é que os japoneses costumam ter quantidades bem altas de iodo na dieta, entorno de 7000 mcg, excedendo o limite de segurança, porém alguns estudos mostram que estes níveis mais elevados parecem não ter nenhum efeito supressor na tireoide em indivíduos saudáveis, diferentemente dos que ja tem algum problema a ser tratado como nódulos ou doenças da tireoide auto-imunes. Um ponto interessante a ser observado, é que mulheres japonesas que tem uma dieta rica em iodo tem uma baixa incidência de câncer de mama, porém, este efeito protetor é perdido uma vez que emigram para outros países.[1]

Entrando de vez no Iodo de Lugol, também conhecido como solução de Lugol, o mesmo foi feito pela primeira vez em 1829, é uma solução de iodo elementar e iodeto de potássio em água, com o nome do médico francês Jean Lugol. Solução de Lugol é frequentemente utilizado como um antisséptico e desinfestante, para a desinfecção de água potável, e como um reagente para a detecção de amido no laboratório de rotina e exames médicos.
Solução de Lugol na prática clínica historicamente tem sido usado raramente para repor a deficiência de iodo. [3]

Ele é usado principalmente junto com medicamentos antitireoidianos para preparar a glândula tireoide para a remoção cirúrgica e para tratar certas condições hiperativas (hipertireoidismo). Ele funciona através da diminuição do tamanho da glândula tireoide e diminuindo a quantidade de hormônios secretados pela mesma.
Este medicamento pode também ser utilizado para proteger a glândula tiroide, após tratamento com iodo radioativo, ou em caso de emergência a exposição à radiação (Chernobil). Em tais casos, o produto bloqueia a glândula tireóide de absorver o iodo radioativo, protegendo-o de danos reduzindo o risco de câncer de tireóide. Alguns efeitos adversos mais comuns nos usuários são, náuseas, vómitos, dor de estômago, diarréia, gosto metálico na boca, febre, dor de cabeça, coriza, espirros, ou acne.[5]



Os pacientes com uma overdose de iodo podem experimentar acidose metabólica, insuficiência renal, hipotensão, colapso circulatório, e morte. Percebe a seriedade disso? Agora ficou menos legal sair receitando lugol para todo mundo não é mesmo? [6]

A doença de Graves é a forma mais comum de hipertireoidismo, sendo responsável por 60 80% de todos os casos de tireotoxicose. Se não tratada, pode levar a tireotoxicose grave com impactos no sistema cardiovascular, ocular, complicação psiquiátrica, e em casos extremos com uma alta taxa de mortalidade. Em um estudo de caso uma mulher de 50 anos de idade, diagnosticada com doença de Graves e tratada por muitos anos com drogas antitireoidianas (ATDS), teve algumas complicações, assim o tratamento cirúrgico foi planejado e o preparo pré-operatório com solução de Lugol foi iniciado. Devido a um erro, a administração de solução de iodo foi prolongada por um período de cerca de 30 dias, gerando assim o chamado efeito Jod-Basedow, com a exacerbação das manifestações de tireotoxicose e risco de tempestade da tiróide. Uma limitação do estudo está nas doses, mas algumas conclusões, sem precipitações podem ser feitas. [7][10]

Outro efeito chamado Wolff-Chaikoff , descoberto pelos Drs. Jan Wolff e Israel Lyon Chaikoff na Universidade da Califórnia, é uma redução dos níveis da hormona da tiroide causada pela ingestão de uma grande quantidade de iodo.



O efeito Wolff-Chaikoff é um fenômeno auto-regulador que inibe a organificação na glândula tireoide, a formação de hormônios da tireoide no interior do folículo tireoidiano, e a liberação de hormônios tireoidianos na corrente sanguínea. O efeito de Wolff-Chaikoff pode ser usado como um princípio de tratamento contra hipertiroidismo por infusão de uma grande quantidade de iodo para suprimir a glândula tiróide. [8]
Neste estudo, Tan et al avaliaram trinta e oito voluntários saudáveis e 10 doentes com tireotoxicose não tratada e foram dadas a cada grupo 0,5 ml (25mg de iodo e 50mg de Iodeto de potássio) de solução de Lugol diariamente durante 10 dias. Nos dias 0, 5, 10, 15 e 20, os níveis séricos de T4, T4 livre, T3 e TSH foram medidos. Em indivíduos saudáveis, as concentrações séricas de T4 livre diminuíram significativamente no dia 10, enquanto os níveis de TSH aumentaram significativamente nos dias 5, 10 e 15. Todas as mudanças observadas ocorreram dentro dos limites da faixa de normalidade para os hormônios citados. Em contraste, nos indivíduos com tireotoxicose, tanto T4 e T3 foram diminuídos significativamente nos dias 5 e 10, enquanto que as concentrações de TSH permaneceram abaixo do limite de detecção ao longo do estudo. De modo a concluir que,a exposição curta para iodeto excessivo em indivíduos normais afeta T4 e T3 e esse efeito poderia ser parcialmente superado pelo aumento compensatório na TSH enquanto na tireotoxicose há falta de aumento compensatório no resultado de TSH em descidas rápidas nos níveis de T4 e T3.[9]

A suplementação de iodo em áreas carentes de alimentos ricos em iodo é vista como a solução mais rentável para resolver o problema de deficiência, a qual pode ser corrigida através da adição de iodo ao sal, óleo, água, molhos etc, assim a fortificação do sal com iodo foi identificado e considerado como sendo o método mais apropriado, sendo não só tecnicamente viável, este alimento é consumido em todo o mundo em montantes fixos por todas as camadas da população [1]

Não parece fazer nenhum sentido prescrever Solução de Lugol como uma simples suplementação que todos deveriam fazer, as evidências não suportam este tipo de conduta muito pelo contrário, toda cautela parece pouca,e ainda alguns bancos de dados mostram casos de erros simples na dosagem, prescrição que levaram a fatalidade, principalmente pelo meio de administração incomum pelo qual ela é feita [6]. Tem sim suas aplicações como foi revisado no texto, porém em casos específicos, principalmente em pré-cirúrgicos e problemas ligados a hipertireoidismo (não todos os casos), mas não em indivíduos saudáveis sem problema algum. Se o intuito é apenas dar um suporte, talvez ajustar os níveis de Selênio, Zinco (atuantes na conversão de T4 para T3) ou Tirosina mediante uma dieta equilibrada, possa ser o suficiente sem gerar nenhum tipo de efeito adverso, além da fortificação com sal iodado anteriormente citada.



[1] Farhana Ahad and Shaiq A. Ganie Iodine, Iodine metabolism and Iodine deficiency disorders revisited. Indian J Endocrinol Metab. 2010 Jan-Mar; 14(1): 13–17.
[2] http://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/iodo.pdf
[3]Higdon, J. (April, 2003) “Micronutrient Information Center: Iodine,” Linus Pauling Institute/Oregon State University (revised by Drake, V.J., July, 2007).
[4]https://en.wikipedia.org/wiki/Lugol's_iodine
[5]http://www.webmd.com/drugs/2/drug-20753/lugols-oral/details#
[6]http://www.medscape.com/viewarticle/757127
[7] Leuştean L1, Preda C, Ungureanu MC, Dănilă R, Mogoş V, Stefănescu C, Vulpoi C. Jod-Basedow effect due to prolonged use of lugol solution-case report. Rev Med Chir Soc Med Nat Iasi. 2014 Oct-Dec;118(4):1013-7.
[8]https://en.wikipedia.org/wiki/Wolff%E2%80%93Chaikoff_effect
[9] Tan TT1, Morat P, Ng ML, Khalid BA Effects of Lugol's solution on thyroid function in normals and patients with untreated thyrotoxicosis.
[10] Rodier JF1, Janser JC, Petit H, Schneegans O, Ott G, Kaissling A, Grob JC, Velten M.Clin Endocrinol (Oxf). [Effect of preoperative administration of Lugol's solution on thyroid blood flow in hyperthyroidism]. 1989 Jun;30(6):645-9.

BANALIZAÇÃO DO USO DO LUGOL NO FITNESS (DUDU)

A banalização do uso de LUGOL no meio do fitness/bodybuilding é um grande exemplo da estupidez das pessoas de ouvirem boatos e seguirem informações passadas por pseudo-autoridades no assunto sem checar as fontes da informação. É mais provável que suplementando Lugol vc tenha problemas do que que melhore sua tireoide. A confusão é mais um exemplo de argumento baseada em simplificações, de que vc suplementar iodo irá elevar os níveis de hormônios da tireoide (T3 e T4), já que sua deficiência pode levar ao hipotiroidismo. Na verdade, suplementando Lugol na ausência de deficiência (como é geralmente o caso), o que tende a acontecer é justamente o contrário. Quando ocorre uma grande ingestão de iodo, ocorre o chamado efeito Wolff-Chaikoff, que é um fenômeno auto-regulador que inibe a organificação na glândula tireoide, a formação de hormônios da tireoide no interior do folículo tireoidiano, e a liberação de hormônios tireoidianos na corrente sanguínea. O efeito de Wolff-Chaikoff pode ser usado como um princípio de tratamento contra hipertiroidismo por infusão de uma grande quantidade de iodo para suprimir a glândula tireoide [1]. Em indivíduos normais suplementados com 0,5ml de solução Lugol as concentrações de T4 livre diminuíram e os níveis de TSH aumentaram significativamente [2]. Quem quiser saber mais detalhes leia o artigo brilhante do meu amigo Fernando Miguel (postarei nos comentários o link), que explicou mais detalhadamente a utilidade e os problemas do uso do Lugol. Se for utilizar pelo menos avalie sua tireoide antes e durante o uso, é o mínimo.
[1] SOLUÇÃO LUGOL: UMA ”SOLUÇÃO” UNIVERSAL? IODO E TIREOIDE.
TEXTO ESCRITO POR FERNANDO MIGUEL.
[2] Effects of Lugol's solution on thyroid function in normals and patients with untreated thyrotoxicosis.
Tan TT, Morat P, Ng ML, Khalid BA.

SOLUÇÃO DE LUGOL: ADENDOS E RESPOSTAS (escrito por FERNANDO MIGUEL)

Bom, a maioria de vocês deve estar sabendo dos últimos ”debates” envolvendo o Lugol, as famosas ”tretas” que tantos gostam e que eu definitivamente tento ficar longe por motivos obviamente pessoais de escolha. Aparentemente muitos dos que leram meu texto (o qual deixarei o link logo nos comentários) não entenderam o propósito do mesmo ou nem leram e ja saíram julgando e dando opinião como sempre, isso não é algo estranho nesse meio, então para este aqui não fique muito grande irei apenas colocar as partes mais relevantes e que foram motivo de discussão.



Sempre tive receio em me expor na internet, justamente por causa desses pontos divergentes, nunca quis me envolver em grupinhos fechados, panelinhas ou coisas do tipo,e apesar da minha relação até o momento ter sido das melhores com todos que converso da área, mesmo não concordando, está se tornando inevitável ficar fechado com pessoas que tendem a pensar e agir em uma direção comum (Por isso criamos este grupo)de qualquer forma, a maneira como agente expõe as coisas, faz muita diferença na hora de criticar algo. Mas acho que está na hora de fazer este texto e espero atingir pelo menos metade dos meus objetivos com o mesmo:

1-Mostrar a vocês um pouco as diferenças sobre ciência e pseudo-ciência
2-Responder os questionamentos mais frequentes que vi sobre o Lugol e sobre meu texto.
3-Deixar algumas reflexões

Percebo uma crescente na busca por um conhecimento cada vez mais pautado em artigos, livros, referências diversas e isso me deixa muito feliz, mas infelizmente compreender e saber como a ciência trabalha é algo que está faltando ainda em muitos, não é algo fácil, leva tempo e muita leitura. Sair mostrando fatos científicos não ajuda muito, é preciso ensinar os métodos, como a ciência faz para chegar em determinado ponto. Mas tá, vou deixar de dar tanta trela vamos ao que interessa:



Pessoal, ciência e pseudo-ciência são coisas muito distintas ta certo? Ciência trabalha com métodos, nos observamos um fenômeno qualquer, criamos uma hipótese dentro dessa observação e testamos ela. Pseudo-ciência, tem dois pontos cruciais para determinar seu fracasso ou no mínimo o porque não pode ser levada a sério dentro do contexto científico. Primeiro de tudo, na pseudo-ciência se pensa que está se seguindo o método científico quando na verdade não está, ou ela se usa de pequenos pedaços da ciência quando lhe convém. Esse é o modus operandi do pseudo-cientista.

Em relação ao Lugol, fazer um texto cheio de dados técnicos na tentativa de tentar demonstrar conhecimento ou simplesmente ludibriar o leitor, não te faz um pseudo-cientista, mas colocar que o efeito Wolff Chaikoff foi testado apenas em ratos (de fato naquela época , 1948 foram os primeiros experimentos) logo, não pode se aplicar em humanos, ai sim você se torna um pseudo-cientista,
**(Markou K1, Georgopoulos N, Kyriazopoulou V, Vagenakis AG. Iodine-Induced hypothyroidism.Thyroid. 2001 May;11(5):501-10.)
É justamente graças à descoberta dessa resposta supressora, que hoje em dia se consegue preparar a glândula tireoide para um pré cirúrgico por exemplo, doenças onde há exacerbação (hipertireoidismo).Então como apenas em ratos?

Segunda questão que vi quanto ao meu texto, pessoas falando que a dose usada no estudo do Tan et. al era muito alta, que ninguém usa (25mg de iodo) tem certeza pessoal? olha, procurem mais por ai que vocês vão achar muita gente se orgulhando até de usar mais, alegando inúmeros benefícios que novamente adivinha? sem estudos que evidenciem tais resultados.
**(Tan TT1, Morat P, Ng ML, Khalid BA Effects of Lugol's solution on thyroid function in normals and patients with untreated thyrotoxicosis.)
**(Xin Sun, Zhongyan Shan, and Weiping Teng.Effects of Increased Iodine Intake on Thyroid Disorders. Endocrinol Metab (Seoul). 2014 Sep; 29(3): 240–247.)
Usar-se da falácia do apelo a autoridade e citar meia dúzia de autores alguns deles de reputação questionável que aprovam tal conduta, não da credibilidade nenhuma, isso não é ciência!! então, ou você usa ela totalmente, ou por favor, não use.



Terceiro ponto, pessoal, parem com essas teorias da conspiração em relação à ciência e os autores (irei fazer um texto sobre isso depois contextualizando outros assuntos). Existem mil casos de fraude, mas não conheço nenhum por cientista que quis esconder informação, pelo contrário, esses caras querem publicar, quanto mais melhor, (pre eles, dai se perde a qualidade buscando quantidade, fazer o que), as fraudes são por manipulação de dados, excesso de coisas que não existem, mas não de esconder, parem com isso. Não existem estudos cm Lugol para tratar tireoide do jeito que estão falando, entendam, isso NÃO significa que Lugol não tenha utilidade ou até que realmente possar ser usada em casos de hipo, mas a pergunta é, onde estão as evidências disso? essa é a complexidade do assunto, historicamente, endemias e problemas relacionados a hipo tem se tratado com sal iodado, então que raios de necessidade é essa que está se criando com Lugol? é isso que precisa ficar claro, eu não posso questionar algo que tem pouca ou nenhuma evidência, simplesmente isso, se com alguém deu certo, quem diz que pra você vai dar? experiências pessoais não podem se tornar conduta generalizada, você está cagando para a ciência quando faz isso, para os métodos, para o passo a passo de construção de todo um conhecimento. Abaixo link de estudos com Sal iodado, no Iêmen nos anos 90 haviam GRAVES problemas de deficiência, isso foi grandemente solucionado, pelo menos amenizado com sal iodado, ai entramos no quarto questionamento frequente, na verdade afirmativas de vários, ”Ah mas o iodo do sal tem baixa biodisponibilidade”, tá, então você vai pega um estudo e posta aqui que mostre isso ou a ineficiência do uso de sal iodado.
.
**(Zein A1, Al-Haithamy S, Obadi Q, Noureddin S.The epidemiology of iodine deficiency disorders (IDD) in Yemen.Public Health Nutr. 2000 Jun;3(2):245-52.)
”Salt iodization stands out as the most safe and effective way of improving iodine status in the general population. It is a mainstay of preventive medicine and extensive data support its fundamental role in avoiding iodine deficiency-related problems. Salt iodization is part of a broader discourse about thyroid and micronutrients such as selenium, whose role in thyroid physiology and disease is under continuous investigation”
**(Alessandro Prete, Rosa Maria Paragliola, and Salvatore Maria Corsello.Iodine Supplementation: Usage “with a Grain of Salt”
Int J Endocrinol. 2015; 2015: 312305.)

Lugol é tudo de bom que dizem? Que ótimo!! o que mais queremos são coisas que melhorem nossas vidas, quem trabalha com saúde é isso que quer ou deveria (e não ficar vendendo doença para ganhar dilmas), então, vamos fazer os devidos estudos, com diversas doses, um N amostral correto, diversos contextos, em deficiência, indivíduo saudáveis e vamos medir todos os possíveis benefícios, ai, com evidências, nós podemos falar em condutas, enquanto isso não acontece, pare de criticar seu médico por não te passar um medicamento que nem no medscape é listado como tratamento para hipo. Para não ficar muito grande (maior na verdade) o texto, segue discussão nos comentários caso algo não tenha ficado claro.




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