Reflexões sobre a existência e a morte

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Não importa o quão miserável seja sua vida,
o sentido da vida é o sentido que você dá a ela.
Não importa que vc diga que lhe faltaram oportunidades, que vc perdeu um grande amor (eu tb perdi) ou que não tem tempo para seguir aquele treino e dieta porque sua rotina é muito difícil. Não significa que a vida de um bodybuilder é mais fácil que a sua, apenas que ele escolheu viver assim, o que não é um grande sacrifício se vc ama o que faz.

Em qualquer situação e contexto de sua existência vc sempre está fazendo sua escolha, e ao olhar para trás a única coisa que poderá dizer é que fez escolhas ruins e não que a vida foi ruim para vc e boa para com os outros. Se vc não se responsabiliza pelas suas escolhas então está agindo de má fé.

Na verdade nem tem como dizer que suas condições foram as piores, porque muitos outros homens fizeram do fracasso um sucesso, porque fizeram escolhas arriscadas, viveram perigosamente. Steve Jobs,Ray Kroc (que iniciou o Mc Donalds com 52 anos), Arnold Schwarzenegger. Veja Arnold, ele poderia simplesmente ser um fisiculturista comum e vc não vê ele se lamentando por nada quando fala do passado, vc vê apenas alguém que teve coragem e ousadia para ir além. Vc não vê ele falando mal dos árbitros nas competições que perdeu ou reclamando que não tinha apoio, então acaba parecendo que a vida foi mais fácil para ele.Muito do que se vê na história de homens de sucesso e grandes pensadores, é que a vida coloca situações limite para todos nós, e diante disso temos que escolher.
A angústia é a verdadeira experiência limite nas nossas vidas, diante dela vem a consciência da futilidade e banalidade de todos os nossos projetos, a finitude da existência. É diferente do medo, temos sempre medo de alguma coisa, medo de fracassar na vida, no amor, no trabalho, mas “angustiamo-nos de nada”. O medo é uma angústia que decaiu ao nível do mundo, inautêntica e oculta para si mesmo como angústia. A existência inautêntica sempre vai evitar a verdadeira angústia.



Quando minha irmã faleceu em 2013 passei por uma situação limite assim, o sentimento de angústia diante daquela perda inesperada me fez pensar sobre o rumo que estava levando minha vida e me colocou diante da morte como aniquiladora. À partir dali eu percebi que não importava mais todos os meus projetos e possibilidades, a morte ceifou todos os projetos da minha irmã, tudo se tornou impossível para ela, todos os sonhos deixaram de existir.

Enquanto muitos se apegam em alguma crença em uma situação dessas, eu não tinha crença nenhuma, e não importa o que vc diga sobre Deus ou a existência de um mundo superior p me convencer, porque para mim isso não vale nada, não é questão de querer ou não acreditar, é questão de não conseguir, nem ateu posso dizer que sou (isso é irrelevante), apenas acredito que a existência de um Deus é altamente improvável, e isso nunca foi apenas uma questão de fé e sim algo que sempre me incomodou, mesmo quando era cristão. Fingir que acredito em algo é agir de má fé, é negar o que penso realmente, é mentir pra mim mesmo.

Vc pode dizer que nunca tive a sua fé verdadeira, como posso te dizer que vc nunca encarou a vida e olhou para a existência da mesma forma que eu, porque crer ou não crer nunca foi uma questão de capricho, e sim uma verdadeira e autêntica forma de encarar a existência tal como ela é.
Por mais deprimente que pareça, foi apenas através dessa experiência que eu pude fazer escolhas positivas que transformaram minha vida, “através da coragem da angústia diante da morte”.



É apenas uma situação que nunca foi confortável para mim, a morte passou a me assombrar naquele ano de 2013, e eu não tinha nada para me apegar, nem um Deus ou além mundo, que antes haviam sido um consolo para mim, um consolo frágil diante da minha inquietante preocupação com a origem de tudo e o sentido da vida. O assombro da morte que digo é simplesmente essa consciência angustiante de que diante da morte todas as minhas possibilidades se tornam impossíveis, mas é essa consciência do ser-para-a-morte que dá sentido à minha vida, porque eu não tenho outra escolha.

“A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla” (Hume)

Dudu Haluch ,
inspirado por Sartre, Heidegger, Bel Pesce, Arnold e pela vida.




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