LH, FSH e ESTEROIDES ANDROGÊNICOS (DUDU)

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(Avaliação do eixo hormonal durante e após uso de esteroides)

Os hormônios gonadotróficos LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante) são sintetizados e secretados de forma pulsátil pela hipófise (pituitária) em resposta ao GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), que é secretado pelo hipotálamo. No homem o LH estimula a produção de testosterona nas células de Leydig nos testículos, mas a maturação dos espermatozoides requer LH, FSH e testosterona.

Esteroides sexuais circulantes (testosterona, estradiol) afetam a secreção de GnRH e consequentemente LH e FSH, num sistema de retroalimentação negativa, de forma que quando a testosterona está baixa as gonadotrofinas se elevam para estimular sua produção. No homem níveis elevados de testosterona e estradiol inibem a secreção de gonadotrofinas, por isso o uso de esteroides androgênicos inibe a produção de testosterona endógena e a espermatogênese, levando a um quadro de hipogonadismo hipogonadotrófico (gonadotrofinas e testosterona baixas) e azoospermia/oligospermia (baixa produção de espermatozoides) temporários durante e logo após o uso de esteroides. A prolactina elevada também inibe a liberação normal de LH e FSH, e consequentemente testosterona.
É importante deixar claro que as gonadotrofinas estarão suprimidas nos homens em qualquer ciclo de esteroides, com doses pouco acima dos níveis fisiológicos (~100mg de testosterona por semana). A produção de esperma é suprimida em paralelo com as reduções de LH e FSH induzidas pela administração crônica de testosterona. Nas mulheres as gonadotrofinas sofrem pouca influências pelo uso de esteroides androgênicos.

Uma forma de avaliar o eixo hormonal de homens usuários de esteroides é através da avaliação das concentrações basais de LH e FSH, de forma que valores suprimidos serão encontrados durante e após o uso de esteroides. Durante o ciclo essa supressão das gonadotrofinas nos homens vai ocorrer com os uso de qualquer esteroide androgênico (que seja legítimo), e no pós ciclo estradiol e/ou prolactina elevados podem manter as gonadotrofinas suprimidas.



O uso de esteroides de meia-vida longa (deca, boldenona, durateston, enantato e cipionato de testosterona) acaba levando a um tempo de recuperação do eixo HPT (hipotálamo-pituitária-testicular) muito mais demorado, por isso é normal que as gonadotropinas e a testosterona endógena demorem para voltarem a normalidade, principalmente sem o estímulo de outros fármacos (SERMs, HCG). LH e FSH podem levar mais de dois meses para se elevarem em ciclos com esteroides de meia-vida longa, pois a TPC não surtirá efeito se os níveis de andrógenos ainda estiverem elevados no organismo. No caso do uso de apenas testosterona (ou quando a testosterona é o esteroide de meia-vida mais longa do ciclo) é possível avaliar por exames quando o corpo voltará a responder a estímulos de fármacos que estimulem a recuperação do eixo HPT (TPC). Essa monitoração de exames de testosterona, LH e FSH é importante após um ciclo porque só assim você saberá o momento certo de iniciar um protocolo de recuperação pós-ciclo de esteroides. Quando os níveis de testosterona (exógena) estiverem na faixa de ~200 ng/dl já é possível iniciar um protocolo TPC. Só será possível saber se a testosterona do exame é exógena ou endógena avaliando as concentrações de LH e FSH, pois se essas estiverem suprimidas você saberá que se trata de testosterona exógena, já que é necessário o estímulo do LH para o corpo voltar à produzir sua própria testosterona.

Os demais esteroides não podem ser discriminados em um exame de sangue e portanto só poderá saber se o eixo HPT está suprimido ou não avaliando as concentrações de LH e FSH, e não terá como ter certeza o momento certo de iniciar o protocolo TPC, apenas um chute fazendo uma estimativa conhecendo a meia-vida da droga. É preciso esperar várias meia-vidas de uma droga para que suas concentração estejam baixas no sangue. No caso de esteroides orais (oxandrolona, stanozolol, dianabol, hemogenin) a meia-vida curta faz com que a recuperação do eixo (LH, FSH e testosterona) seja razoavelmente rápida com um protocolo TPC eficiente, que também avalie os níveis de estradiol e prolactina. Importante lembrar que a recuperação das gonadotrofinas é muito mais rápida que a recuperação dos níveis normais de testosterona após uso de esteroides, então o simples fato de ter os níveis de LH e FSH na faixa normal não garante o sucesso de uma boa recuperação pós-ciclo de esteroides.

abraços, Dudu Haluch

REFERÊNCIAS:

Fisiologia Endócrina, Patricia E. Molina, 4ª edição.

Endocrinologia Básica e Clínica DE GREENSPAN, 9ª edição.

Williams Tratado de Endocrinologia, 11ª edição.

TIETZ Fundamentos de Química Clínica, 6ª edição.

Effects of chronic testosterone administration in normal men: safety and efficacy of high dosage testosterone and parallel dose-dependent suppression of luteinizing hormone, follicle-stimulating hormone, and sperm production.
Matsumoto AM.



Effect of long-term testosterone oenanthate administration on male reproductive function: clinical evaluation, serum FSH, LH, testosterone, and seminal fluid analyses in normal men.
Mauss J, Börsch G, Bormacher K, Richter E, Leyendecker G, Nocke W.
Understanding Post Cycle “T” Recovery By William Llewellyn




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