DIETA, METABOLISMO e ORTOREXIA (DUDU)

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Muitas celebridades do mundo fitness e do bodybuilding se preocupam de forma exagerada em “comer limpo”, com isso se entopem de alimentos considerados saudáveis, com as alegações de baixo sódio, zero açúcar, sem lactose, sem glúten etc. Esse tipo de obsessão por comer saudável é conhecido na literatura como ortorexia (vulgo “excesso de viadagem fit”). Sem entrar no mérito dos problemas relacionados (carência nutricional, transtorno de ansiedade, estresse etc), esse tipo de atitude é estúpida pelo simples fato que ignora o metabolismo do indivíduo, seu potencial genético. A definição do que é “comer limpo” também é problemática, pois muitos consideram alimentos saudáveis como ruins, se baseando no sensacionalismo e terrorismo nutricional propagado por alguns profissionais de saúde e blogueiras. Muitas dessas celebridades e atletas alegam conhecer muito bem seu metabolismo, mas a verdade é que são completamente ignorantes em relação a isso. Sem entrar no mérito do uso de hormônios, é completamente estúpido achar que ingerir um pouco de açúcar e sal normal irá afetar seu metabolismo de forma negativa. Existe uma grande variabilidade genética na população e é claro que um indivíduo com boa sensibilidade à insulina, boa resposta à andrógenos e um metabolismo acelerado não precisa se preocupar de forma exagerada em ingerir tudo sem açúcar, light ou com baixo sódio. Seu corpo não é fresco, embora vc possa ser!

Sobre a última postagem, desenhando…

Sobre a postagem de ontem é sempre bom deixar claro que não se trata de um texto/artigo com intuito de uma explicação aprofundada sobre como deve ser uma dieta saudável. Algumas pessoas alegaram que o que escrevi poderia dar a entender que as pessoas sairiam comendo doces influenciadas pela postagem. Não posso me culpar se algum idiota interpretou dessa forma. Meu público é amplo e claro que terão pessoas com déficit intelectual ou que simplesmente muito ignorantes sobre assuntos básicos de nutrição. O que não falta hoje é gente falando bobagem na internet sobre nutrição, usando sites sensacionalistas e blogueiras como referência, além de profissionais que deturpam as informações científicas, com argumentos do tipo “bacon é saudável”, “leite é veneno”, “suco de laranja tem o mesmo efeito de um copo de pinga”, “água para alcalinizar o sangue” lol.

Um outro infeliz chegou a comentar que as pessoas normais não podem se dar ao luxo de comer um pouco desses alimentos na dieta, sendo que em nenhum momento entrei nos detalhes sobre como deve ser a dieta de um indivíduo aleatório. Obviamente ele ignora que uma alimentação cheias de extremismos está associada a muitos problemas de transtorno alimentar, embora eu tenha direcionado meu texto principalmente para tratar desse ponto (a “ortorexia” no caso). Na verdade deixei claro no final do texto que as pessoas tem metabolismos muito diferentes de acordo com a grande variabilidade genética entre indivíduos. Isso se reflete em diferenças nas respostas hormonais e metabólicas sob o estímulo dos nutrientes e do treinamento. Óbvio que a dieta de cada um deve ser individualizada, de acordo com a rotina, nível de atividade física, objetivo e metabolismo do indivíduo em questão. Veja esse exemplo interessante que o renomado pesquisador David Ludwig (endocrinologista, professor de Harvard) dá:



“Os participantes de uma pesquisa que recebiam cinco porções diárias de bebidas açucaradas mostraram aumento nos triglicerídeos, na inflamação e na insulina quando se limitavam a caminhar não mais do que 4500 passos por dia. Mas essas mudanças adversas não ocorreram quando os participantes davam mais de 12000 passos por dia. Comer muito arroz branco pode não causar problemas metabólicos para camponeses chineses que desempenham trabalho braçal regular. Mas à medida que milhões de chineses migraram das fazendas para as cidades – trazendo consigo sua dieta rica em carboidratos e deixando para trás o alto nível de atividade física -, as taxas de diabetes começaram a disparar”.

O foco do Dr Ludwig nesse caso foi mostrar a interação entre dieta e o impacto da atividade física no metabolismo das pessoas. Em outro ponto do seu livro ele também trata da grande variabilidade da sensibilidade à insulina entre a população, como as pessoas podem responder de forma muito diferente à ingestão de carboidratos.

Claro que meu foco ontem era justamente argumentar que a preocupação excessiva de alguns atletas e celebridades fitness com alimentos zero açúcar, light, sem lactose etc, era estúpida e ingênua justamente por ignorar esses fatores básicos que afetam o metabolismo (genética, treino). Para ficar mais claro, imagine um indivíduo desses, seco e com ótima sensibilidade à insulina (responde bem a alta ingestão de carboidratos), preocupado em ingerir uma paçoca diet ao invés de uma paçoca com açúcar (a diet é mais calórica e tem maltodextrina no lugar do açúcar lol) ou com medo de usar um molho que tem 1-3g de açúcar em uma colher cheia. Nesse ponto que quis chamar atenção para o extremismo com os cuidados da alimentação, a ortorexia. Será que esse indivíduo tem tanta obsessão a ponto de contar quantas calorias gastou com o sexo ou quantos passos ele deu em um dia? A verdade é que não podemos ter exata noção de quantas calorias gastamos todos os dias e o seu cálculo de TMB pode passar bem longe disso.



Para concluir, óbvio que sua dieta deve ser individualizada de acordo com sua rotina, metabolismo, nível de atividade física, objetivo etc. Isso pode significar que para atingir determinado objetivo você precise ser mais rigoroso e disciplinado em alguns momentos do que outros. Seu corpo quem vai dizer o que e quanto e o que você pode comer, embora isso só fica mais claro para quem tem muito conhecimento teórico e prático. Claro que alguns podem emagrecer comendo sorvete ou açaí todo dia, enquanto para outros isso pode ser uma péssima estratégia, que mesmo que não engorde, torne a evolução mais lenta. Já cansei de explicar em inúmeros textos o quanto as recargas de carboidratos podem ser importantes num estágio avançado da dieta e em muitos casos vemos que até comer uma grande quantidade de carboidratos simples pode trazer uma grande melhora estética, dependendo da genética e estratégia do indivíduo.

abraços, Dudu Haluch




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