CARBOIDRATOS, JEJUM E QUEIMA DE GORDURA (DUDU)

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A base das principais dietas e estratégias de emagrecimento consiste em manipular os carboidratos e estimular o jejum ou a atividade física em jejum. Vou aqui explicar as bases fisiológicas e bioquímicas por trás dessas ideias e também mostrar como as coisas não são tão simples, e o contexto global de tudo que fazemos, o metabolismo e ambiente hormonal de cada um também são determinantes para a eficácia de diferentes estratégias.

Com o corte ou redução dos carboidratos na dieta a lipólise (quebra de triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol) é estimulada, através da redução da secreção de insulina (hormônio que inibe a lipólise) e pelo aumento na secreção de hormônios contrarreguladores (GH, catecolaminas, cortisol, glucagon), responsáveis por manter os níveis de glicose no sangue e aumentar a lipólise, fornecendo ácidos graxos como fonte de energia para os músculos. Essa é a ideia principal por trás das dietas cetogênica e metabólica.

Importante dizer também que a oxidação de lipídios (queima de gordura) é dependente da disponibilidade de carboidratos (devido a geração de oxaloacetato no ciclo de Krebs). A degradação dos ácidos graxos no ciclo de Krebs continua somente quando uma quantidade suficiente de oxaloacetato e outros intermediários provenientes do fracionamento do carboidrato combina-se com o acetil-CoA formado durante a beta oxidação (oxidação dos ácidos graxos na mitocôndria). Nesse sentido, “as gorduras queimam em uma chama de carboidratos”.



Dietas restritivas em carboidratos também são responsáveis por uma maior redução da taxa metabólica. Isso se deve em parte a queda nos níveis de hormônios da tireoide (T3) em dietas restritivas e com baixo conteúdo de carboidratos. Isso explica porque após um certo tempo em dieta é tão difícil perder peso.

Embora os carboidratos sejam o combustível primordial que o organismo utiliza durante a atividade física de alta intensidade, quando as reservas de carboidrato são depletadas o corpo precisa depender intensamente da oxidação da gordura para a produção de energia. No estado alimentado¸ a fonte predominante de energia é a reserva de glicogênio hepático e muscular. O aumento da lipólise no tecido adiposo subcutâneo com a transição do repouso para o exercício moderado é estimulado pela epinefrina (adrenalina) através da ativação dos receptores beta adrenérgicos e pela redução da insulina plasmática. Quando as reservas de carboidrato estão baixas, como no jejum, o corpo se volta mais para a oxidação das gorduras para obter energia. Esse processo fica facilitado pela diminuição da concentração de insulina e pelo aumento das concentrações de adrenalina, noradrenalina, cortisol e hormônio do crescimento. Essa é a ideia principal por trás das dietas do jejum intermitente.

A ideia básica por trás do aeróbico em jejum seria que ao ingerir carboidratos antes do treino, isso elevaria a secreção de insulina, suprimindo a lipólise. Por outro lado, estudos mostram que se alimentar antes do exercício eleva o metabolismo. Aparentemente, o exercício amplia o efeito térmico do alimento (ETA), ou também chamado de termogênese induzida pela dieta (TID), que nada mais é que a energia necessária para digerir, absorver e assimilar os nutrientes alimentares (por exemplo, uma refeição de proteína pura induz um efeito térmico de quase 25% do valor calórico total da refeição). Desse modo parece mais sensato encorajar o exercício moderado após o estado alimentado, e não ao jejum.



A ideia com isso não é confundir a cabeça de ninguém, apenas mostrar como o nosso corpo é uma máquina inteligente e flexível, e que toda medida drástica (como o corte extremo dos carboidratos) provoca uma resposta do organismo que visa retomar o equilíbrio (manter a homeostase). Isso explica porque muitas dietas e estratégias que se baseiam em princípios isolados de fisiologia/bioquímica muitas vezes não funcionam, funcionam parcialmente ou não funcionam para alguns indivíduos.

abraços, Dudu Haluch

Fonte:
Guyton & Hall
McArdle




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