Nesse artigo pretendo falar sobre o uso de esteróides anabolizantes por mulheres, seja em nível recreativo, ou em uso competitivo. Como sabemos o nível de testosterona produzido pelas mulheres é cerca de 20 vezes menor que no homem, e isso faz com que o corpo das mulheres tenha uma resposta anabólica com doses de esteróides anabolizantes muito menores que um homem.
Também sabemos que a testosterona e os androgênios são os hormônios responsáveis pelas características sexuais masculinas, e isso faz com que efeitos virilizantes (crescimento de pelos, engrossamento da voz, hipertrofia do clitóris, masculinização da face e do corpo) causados pelo uso de esteroides androgênicos sejam uma preocupação adicional pelas mulheres, além dos outros colaterais comuns (acne, oleosidade, queda de cabelo, etc).
Quando se fala em ciclos para mulheres a escolha das drogas em geral está diretamente relacionada com a preocupação com os efeitos colaterais virilizantes, mas muitas atletas (níveis Figure, Fitness, Bodybuilding principalmente) não tem essa preocupação, e não hesitam em usar qualquer tipo de esteróide androgênico ou doses tão altas como os homens para entrar em nível competitivo.
De qualquer forma qualquer esteroide pode provocar virilização em algum nível, mesmo em doses baixas, mesmo porque algumas mulheres podem ter efeitos virilizantes pela sua própria produção natural de testosterona ou por estarem muito próximas do limiar onde efeitos virilizantes podem acontecer.
No artigo “Esteroides e Treinamento para Mulheres” [1] já foi falado sobre os efeitos benéficos e colaterais dos esteroides androgênicos (como também da importância de mudança no treinamento com o uso de androgênios), então nesse artigo vou falar sobre o uso de esteroides anabolizantes por mulheres, considerando o grau de virilização causado por cada droga.
Podemos construir uma escala aproximada de acordo com o grau de risco virilização de cada droga. Para isso, vamos considerar doses normais usadas por mulheres (50-100mg deca, 50mg de stano dsdn, 20-30mg de oxandrolona dia, etc).
ESCALA DA VIRILIZAÇÃO:
- Hemogenin (~25mg dia)
- Primobolan (~20-30mg dia oral, ~150mg semana injetável)
- Oxandrolona (~20-30mg dia)
- Turinabol (~20-30mg dia)
- Boldenona (~100mg semana)
- Proviron (~25-50mg dia)
- Masteron (~150mg semana injetável)
- Stanozolol (~20-30mg dia oral, ~25-50mg dsdn injetável)
- Deca (~50-100mg semana)
- Testosterona (~50-100mg semana)
- Dianabol (~10-20mg dia)
- Halotestin
- Trembolona (~100-150mg semana)
Essa é só uma aproximação, dentro das doses usuais usadas pelas mulheres, mesmo porque seria muito difícil mensurar o grau de virilização de cada droga, considerando a ausência de relatos confiáveis e estudos científicos, então eu não me importaria se a ordem de muitas drogas fosse alterada nessa escala.
Só estou dizendo, que dentro dessa aproximação, os primeiros lugares da escala tendem a apresentar menor risco de virilização que as drogas da parte de baixo da escala. Apesar do hemogenin estar em primeiro lugar [2], eu não optaria por ele para um primeiro contato devido aos seus outros colaterais (retenção, pressão alta, etc), e a maioria das mulheres se dá muito bem em um primeiro contato com oxandrolona e primobolan.
O uso de stanozolol é muito comum pelas mulheres, por ser uma droga muito anabólica, mas virilização e inchaço com ela são muito comuns, sem contar os colaterais pós-ciclo mais severos (queda da libido, ganho de gordura, depressão, etc).
Atletas femininas das diferentes categorias usam as mais diversas drogas, então muito da diferença no grau de virilização e quantidade de massa muscular está relacionado às doses utilizadas muito mais que as drogas escolhidas.
Atletas biquíni (toned, wellness) podem utilizar testosterona em doses baixas e ter excelentes resultados, sem efeitos virilizantes severos, enquanto atletas de categorias como Figure, Fitness e Bodybuilding usam doses maiores de testosterona, trembolona, deca, stanozolol, em geral sem preocupação com virilização.
TPC PARA MULHERES:
Acredito que os ciclos mais seguros para mulheres, principalmente iniciantes, não devem passar de 6-8 semanas [3], e acho muito importante uma TERAPIA PÓS-CICLO (TPC) para elas, para controlar efeitos colaterais pós-ciclo devidos ao rebote do estrogênio, já que durante o ciclo o excesso de andrógenos provoca um grande desequilíbrio hormonal.
Na verdade, a maior parte dos efeitos colaterais acontece no pós-ciclo (acne, oleosidade, queda na libido, ganho de gordura, depressão) por esse aumento drástico nos níveis de estrogênio. Dessa forma a TPC para mulheres tem uma finalidade principal diferente que nos homens (controle do estrogênio, enquanto nos homens é regularização do eixo HPT).
Dan Duchaine já recomendava doses de 10-20mg de tamoxifeno por dia para controlar/minimizar esses colaterais [4]. O uso de clomid ou algum inibidor de aromatase também pode ser uma alternativa. Lembrando que essas drogas estimulam hormônio luteinizante (LH), que estimula a ovulação, então é bom ter cuidado para não engravidar após o ciclo.
O uso pode ser feito por média de 4 semanas ou mais, de acordo com o ciclo e o a gravidade dos colaterais. O restante do protocolo TPC, incluindo dieta, treino e vitaminas pode ser seguido na forma padrão, como na referência [5].
ANTICONCEPCIONAL DURANTE O CICLO:
Existe muita dúvida sobre o uso de anticoncepcional durante o ciclo, e o que posso dizer é que a funcionalidade do anticoncepcional fica comprometida durante (atrapalha os ganhos e perde efetividade) e após o uso dos androgênios, já que ambos são hormônios antagônicos.
Esteroides androgênicos por si só já inibem ovulação, mas após o ciclo o quadro hormonal fica totalmente alterado, e o excesso e depois queda do estrogênio impede a regularidade do efeito do anticoncepcional.
Deve-se enfatizar que um nível moderado e constante de estrogênio circulante exerce um efeito de retroalimentação negativo na secreção de LH, enquanto durante o ciclo menstrual um nível elevado de estrogênio exerce um efeito de retroalimentação positivo e estimula a secreção do LH [6].
Então é importante esperar as coisas voltarem ao normal para voltar com o uso regular do anticoncepcional. De qualquer forma, é possível que o uso contínuo do anticoncepcional torne o processo de regularização mais rápido (estou especulando aqui rsrs), e o seu uso pós-ciclo também restabelece mais rapidamente os níveis de gordura perdidos pelo uso de androgênios em certas regiões que sofrem muita influência do estrogênio, como os seios, coxas, glúteos, e infelizmente na barriga também.
Abraços, DUDU HALUCH.
Referências:
[1] Esteróides e Treinamento para Mulheres 1 (DUDU)
[2] http://thinksteroids…steroids-women/
[3] Ciclos para MULHERES (DUDU)
[4] Underground Steroid Handbook 2, Dan Duchaine.
[5] TPC Completa (DUDU)
[6] Fisiologia médica, W. Ganong, 22ª edição, Cap. 23.