ESTEROIDES e TECIDO ADIPOSO (DUDU)

Tempo estimado de leitura: 6 minutos

Compartilhe:

se o ciclo é o paraíso, o pós-ciclo é o inferno!

Sua gordura corporal tende a reduzir durante um ciclo de esteroides por três razões básicas: androgênios aumentam a taxa metabólica, possuem efeito lipolítico no tecido adiposo, e também porque durante o ciclo é comum aumentar a razão androgênio/estrogênio (A/E). Por outro lado, inversão desse ambiente hormonal pós-ciclo tende a aumentar sua gordura, assim como reduzir sua massa magra.

A injeção de grande quantidade de testosterona pode aumentar o metabolismo basal por até 15%. Mesmo a quantidade normal de testosterona, secretada pelos testículos durante a adolescência e no início da vida adulta, aumenta o metabolismo em 5% a 10% acima do valor esperado, caso os testículos não fossem ativos. O metabolismo aumentado possivelmente é resultado do efeito da testosterona sobre o anabolismo proteico, aumentando a quantidade de proteínas- especialmente enzimas – e, assim, aumentando a atividade de todas as células (GUYTON & HALL, 12ª edição) [1, 2]. É importante notar também que o pós-ciclo vai acabar levando a uma queda do metabolismo basal, não só pela suspensão do uso de esteroides, como também pelos baixos níveis de testosterona em consequência da inibição do eixo HPT (hipotálamo-pituitária-testicular) pelo uso dos esteroides androgênicos, e isso explica os ganhos de gordura e perda de massa magra que ocorrem pós-ciclo de esteroides [3].

Esteroides sexuais (androgênios, estrogênios, progesterona) possuem atividade direta no tecido adiposo (gordura) através de seus receptores, e variações desses hormônios em homens e mulheres podem levar ao ganho ou perda de gordura, principalmente abdominal. Muitos esteroides androgênicos são conhecidos no fisiculturismo pelo seu poder para aumentar queima de gordura, tais como oxandrolona [4], trembolona, primobolan, stanozolol, masteron, testosterona.



“Hormônios esteroides sexuais estão envolvidos no metabolismo, acumulação e distribuição do tecidos adiposo. Sabe-se agora que o receptor de estrogênio, receptor de progesterona e receptor de andrógeno existem no tecido adiposo, assim suas ações poderiam ser diretas. Hormônios esteroides sexuais desempenham a sua função no tecido adiposo por mecanismos genômicos (atividade no núcleo da célula) e não genômicos (no citoplasma). No mecanismo genômico, o esteroide se liga ao seu receptor e o complexo esteroide-receptor regula a transcrição de determinados genes. A leptina e a lipoproteína lipase são duas proteínas-chave no tecido adiposo que são reguladas por controle transcricional com hormônios esteroides sexuais. No mecanismo não genômico, o esteroide se liga ao seu receptor na membrana plasmática, e os segundos mensageiros são formados. Isto envolve a cascata do AMPc e a cascata de fosfatidilinositol. A ativação da cascata de AMPc por hormônios esteroides sexuais ativaria lipase sensível ao hormônio (LSH) levando a lipólise (quebra de triglicerídeos em ácidos graxos) no tecido adiposo. Na cascata de fosfatidilinositol, diacilglicerol e inositol 1,4,5-trifosfato são formados como segundos mensageiros em última análise, causando a ativação da proteína quinase C (PKC). A ativação parece estar envolvida no controle da proliferação e diferenciação de pré-adipócitos (células de gordura). Na presença de hormônios esteroides sexuais, uma distribuição normal de gordura corporal existe, mas com uma diminuição nos hormônios esteroides sexuais, como ocorre com o envelhecimento ou gonadectomia, há uma tendência de aumento da obesidade central, um grande risco para a doença cardiovascular, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer. Pelo fato de esteroides sexuais regularem a quantidade e distribuição de tecido adiposo, eles ou moduladores seletivos do receptor específico do tecido adiposo podem ser usado para melhorar a obesidade. Na verdade, a terapia de reposição hormonal em mulheres na pós-menopausa e terapia de reposição de testosterona em homens mais velhos parecem reduzir o grau de obesidade central. No entanto, essas terapias têm inúmeros efeitos colaterais que limitam seu uso, e moduladores seletivos do receptor de hormônios esteroides sexuais são necessários que são mais específicos para tecidos adiposos com menos efeitos colaterais [5]”.

Homens mais velhos e/ou obesos apresentam reduções nos níveis de testosterona (T), e maiores níveis de estradiol (E2). Essa redução na relação T/E2 potencializa o ganho de gordura (principalmente abdominal), além de possível perda de massa magra com a idade. Os níveis de estradiol (o estrogênio com maior potência biológica) são altamente significativamente positivamente relacionados com a massa de gordura corporal e, mais especificamente, a gordura abdominal subcutânea, mas não a gordura visceral (omental). De fato, a atividade da aromatase em gordura visceral é apenas um décimo da atividade em gordura glútea [6].

“Estudos recentes em homens demonstraram que a gordura abdominal aumenta com a idade e diminuindo as concentrações de testosterona. Além disso, em culturas de células, a testosterona expressa um potencial aumentado lipolítico (queima de gordura) e deprime a atividade da lipoproteína lipase (LPL) em células adiposas. Estas características metabólicas são encontrados no tecido adiposo abdominal em homens jovens. A fim de verificar se as massas de gordura abdominal em homens de meia idade moderadamente obesos pode ser diminuída pela testosterona, o hormônio foi dado ou como uma única injeção (500 mg) ou em doses moderadas (40 mg x 4), durante 6 semanas em uma preparação oral, não metilado. Quando medido uma semana após a dose única, LPL abdominal tendeu a diminuir. Após 6 semanas uma redução dramática da LPL abdominal foi encontrado, bem como um aumento na capacidade de resposta lipolítica à norepinefrina, ambas as mudanças confinados apenas à região abdominal, e regiões não femorais do tecido adiposo. A circunferência da cintura/quadril diminuiu em 9 dos 11 homens examinados. Sem efeitos adversos foram observados em variáveis comportamentais, pressão arterial, os valores de triglicérides ou colesterol e testes de função hepática. Estes resultados preliminares sugerem que a administração de testosterona , em doses moderadas de homens de meia -idade levar a adaptações do metabolismo do tecido adiposo deverá ser seguido por uma diminuição da massa gorda [7].”



Esteroides androgênios podem afetar seus estoques de gordura corporal de varias formas, por modificação direta no metabolismo, atividade lipolítica, modificação na razão androgênio/estrogênio (T/E2), ou pela sensibilidade dos seus receptores aos androgênios e estrogênios (fator genético). É fácil perceber que durante o uso de esteroides androgênicos os fatores que aumentam a perda de gordura corporal serão potencializados (aumento da TMB, lipólise, aumento da razão A/E), enquanto no pós-ciclo o ganho de gordura será significativamente favorecido, pois a suspensão do uso de androgênios naturalmente vai levar a uma queda da TMB (potencializada pela supressão dos níveis endógenos de testosterona), queda da atividade lipolítica, e redução da razão A/E (análogo ao que acontece com homens mais velhos e obesos). Então você que pensa em usar esteroides androgênicos momentaneamente para se livrar de sua grande quantidade de gordura não se iluda, se o ciclo é o paraíso, o pós-ciclo é o inferno. Mesmo para os que se mantém em uso constante não existe mágica, variar doses de hormônios e o uso prolongado dificulta a perda de gordura, devido a perda de sensibilidade dos receptores. De qualquer forma você pode observar que aqueles que se mantém hormonizados, ao saírem da dieta, sua gordura é melhor distribuída por todo o corpo (sem aquele acúmulo na parte infra-abdominal),enquanto os que suspendem o uso costumam acumular mais gordura abdominal (principalmente pela redução da razão A/E, ou T/E2).

abraços, DUDU HALUCH

REFERÊNCIAS:

[1] Tratado de Fisiologia Médica, GUYTON & HALL, 12ª edição.

[2] Effect of testosterone on metabolic rate and body composition in normal men and men with muscular dystrophy. Welle S et al. J Clin Endocrinol Metab. 1992 Feb;74(2):332-5.

[3] TAXA METABÓLICA PARA HORMONIZADOS (DUDU)

[4] Oral anabolic steroid treatment, but not parenteral androgen treatment, decreases abdominal fat in obese, older men.
Lovejoy JC1, Bray GA, Greeson CS, Klemperer M, Morris J, Partington C, Tulley R.
Int J Obes Relat Metab Disord. 1995 Sep;19(9):614-24.



[5] Direct effects of sex steroid hormones on adipose tissues and obesity.
Mayes JS, Watson GH. Obes Rev. 2004 Nov;5(4):197-216.

[6] Estradiol in elderly men.
Vermeulen A1, Kaufman JM, Goemaere S, van Pottelberg I.
Aging Male. 2002 Jun;5(2):98-102.

TESTOSTERONA, ESTRADIOL E GORDURA ABDOMINAL (DUDU)

[7] Effect of testosterone on abdominal adipose tissue in men.
Rebuffé-Scrive M1, Mårin P, Björntorp P. Int J Obes. 1991 Nov;15(11):791-5.
Dose-dependent effects of testosterone on regional adipose tissue distribution in healthy young men.
Woodhouse LJ1, Gupta N, Bhasin M, Singh AB, Ross R, Phillips J, Bhasin S.
J Clin Endocrinol Metab. 2004 Feb;89(2):718-26.






Gostou? Compartilhe!

WhatsApp
Facebook
Twitter
Telegram
Email
Imprimir
Se inscrever
Notificar de
guest
Gostou da publicação?
1 Comentário
Mais votado
Mais novo Mais antigo
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários

CRUISE / TRH (DUDU)

Cruise ou ponte é a fase em que usuários de esteroides que ficam hormonizados constantemente usam basicamente para 3 finalidades principais:   1)      Manutenção dos ganhos do

ESTEROIDES E GH CAUSAM CÂNCER?

“ESTEROIDES ANABOLIZANTES não estão associados diretamente a nenhum tipo de CÂNCER” DUDU HALUCH – 1 estudo associa câncer de fígado ao uso de Hemogenin, mas

TESTOSTERONA (DUDU e ROMERO)

Primeiro artigo em parceria com um dos caras mais respeitados quando se fala em uso de hormônios no fisiculturismo, meu amigo e um dos melhores

O que importa no palco?

No palco não importa se vc subiu natural ou se tomou 3g de hormônios e uma porrada de outras drogas, vc é julgado pelo seu

Leia Mais