POTENCIAL GENÉTICO E RESPOSTA HORMONAL (DUDU)

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explicando a teoria do shape anti-ciclo

Diferenciação sexual masculina, desenvolvimento e manutenção das características secundárias masculinas, durante a iniciação e manutenção da espermatogênese, estão sobre controle direto dos andrógenos. Os dois andrógenos mais importantes a esse respeito são a testosterona e a 5-alfa-diidrotestosterona (DHT). A ação dos androgênios é mediada pelo receptor androgênico (AR). Mutações do gene do receptor androgênico têm sido associadas a um amplo espectro de anormalidades fenotípicas (características observáveis do indivíduo). Pacientes com insensibilidade completa ao androgênio apresentam pseudo-hermafroditismo caracterizado por um aspecto feminino, com mamas bem desenvolvidas, genitália externa feminina, vagina em fundo de saco cego e ausência de pilificação (pelos) em áreas sensíveis ao androgênio. Alguns pacientes com insensibilidade parcial ao androgênio apresentam um fenótipo masculino e anormalidades leves tais como hipospádia, ginecomastia e infertilidade. Mutações do receptor androgênico também foram descritas em homens inférteis que eram completamente masculinizados e que apresentavam perfis hormonais normais [1].

Pessoas com cariótipo 46,XY (cromossomos) e mutações do AR apresentam tipicamente , níveis elevados de testosterona, LH e estradiol, mas as proporções séricas de testosterona em relação à DHT e de testosterona em relação ao estradiol são normais.

Também existem casos de indivíduos que não respondem ao GH exógeno, em termos de crescimento e alterações metabólicas ou de aumentos nos níveis séricos de IGF-1 e IGFBP-3. Isso acontece devido a anormalidades no receptor de GH, e é conhecido como síndrome de Laron [1]. A principal característica da síndrome de Laron é anormalmente baixa estatura (nanismo). Os sintomas físicos incluem: testa proeminente, ponte nasal achatada, o subdesenvolvimento da mandíbula, a obesidade do tronco e um pênis muito pequeno [2].



Apesar de incomuns essas anormalidades nos receptores de androgênio e GH nos fazem acreditar que existe uma grande variabilidade de respostas genéticas em termos de sensibilidade a esses receptores. Isso fica muito claro em indivíduos que desenvolvem músculos muito acima da média da população, apenas com treinamento de hipertrofia. Ou seja, alguns indivíduos tem muito mais facilidade para ganhar massa muscular e queimar gordura, porque são muito sensíveis a hormônios anabólicos como testosterona (principalmente), insulina e GH. Isso fica ainda mais claro quando essas pessoas de maior potencial genético tomam esteroides, pois a evolução delas com as doses suprafisiológicas é muito superior a pessoas comuns.

Por outro lado é de se esperar que alguns indivíduos possuam menos sensibilidade aos androgênios ou ao GH, assim como é bem conhecido diferentes níveis de resistência à insulina (e o aumento da resistência à insulina está associado ao desenvolvimento de diabetes melitus tipo 2). Nesse caso é de se esperar um desenvolvimento muscular abaixo da média da população, e mesmo com o uso de esteroides androgênicos a evolução não tende a ser satisfatória e acaba frustrando essas pessoas (chamada popularmente no meio underground da musculação de teoria do “shape anti-ciclo”). É importante lembrar que no geral as pessoas podem evoluir muito com treinamento e dieta, mesmo não possuindo um potencial genético fora do comum, assim como não é tão comum ter uma resposta tão ruim aos androgênios. Mas isso serve de lição para aqueles que pretendem usar esteroides com a justificativa de possuírem uma genética ruim, o que muitas vezes não é verdade (pode ser apenas um metabolismo acelerado, o que não é ruim, e pode ser muito bom na verdade). Tudo depende de seus receptores, e ter níveis elevados de testosterona não significa ter uma boa resposta genética aos androgênios, pode ser justamente o contrário.

Se você não consegue crescer com dieta e treino, e acha que isso é uma desculpa para usar hormônios anabólicos, porque acredita que seu corpo não responde mais a dieta e ao treinamento, então não vai adiantar usar esteroides androgênicos. Simples, o ganho de massa muscular está diretamente relacionado às adaptações metabólicas e hormonais, isso significa uma resposta mais eficiente aos hormônios anabólicos (testosterona, GH, insulina, IGF-1) conforme você evolui. Mais massa muscular, melhor resposta hormonal anabólica, maior adaptação, maior otimização metabólica. Se você não evolui assim naturalmente, e acha que já fez de tudo, então isso significa que seu corpo não responde bem aos próprios hormônios anabólicos (principalmente testosterona), e se seus receptores não respondem bem a sua própria testosterona, então não poderá responder bem a nenhum esteroide androgênico. Os receptores são os mesmos, lamento!



abraços, Dudu Haluch

Referências:
[1] Willianns, Tratado de Endocrinologia, 11ª edição.

Androgen insensitivity syndromes
Kuttenn F, Wright F, Spritzer P, Mowszowicz I, Mauvais-Jarvis P.

Molecular basis of androgen insensitivity.
Brinkmann AO.

Partial androgen insensitivity and correlations with the predicted three dimensional structure of the androgen receptor ligand-binding domain.
Yong EL, Tut TG, Ghadessy FJ, Prins G, Ratnam SS.

[2] Growth hormone insensitivity syndrome: A sensitive approach
Soumik Goswami, Sujoy Ghosh, and Subhankar Chowdhury

Laron syndrome- Wikipedia




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