TERAPIA PÓS-CICLO 2 (PROTOCOLO HALUCH)

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(Controlando a resistência à insulina e o ganho de gordura pós-ciclo. Metformina e Ioimbina).

Sua gordura corporal tende a reduzir durante um ciclo de esteroides por três razões básicas: androgênios aumentam a taxa metabólica, possuem efeito lipolítico no tecido adiposo, e também porque durante o ciclo é comum aumentar a razão androgênio/estrogênio (A/E). Por outro lado, inversão desse ambiente hormonal pós-ciclo tende a aumentar sua gordura, assim como reduzir sua massa magra [1].

Homens mais velhos e/ou obesos apresentam reduções nos níveis de testosterona (T), e maiores níveis de estradiol (E2). Essa redução na relação T/E2 potencializa o ganho de gordura (principalmente abdominal), além de possível perda de massa magra com a idade. Os níveis de estradiol (o estrogênio com maior potência biológica) são altamente significativamente positivamente relacionados com a massa de gordura corporal e, mais especificamente, a gordura abdominal subcutânea, mas não a gordura visceral (omental). De fato, a atividade da aromatase em gordura visceral é apenas um décimo da atividade em gordura glútea [2]. O ambiente hormonal pós-ciclo também apresenta essa redução na razão T/E2, o que potencializa o ganho de gordura e perda de massa magra depois de um ciclo de esteroides.

Também foi observado aumento da resistência à insulina em homens com baixa testosterona (hipogonadismo) e maiores níveis de estrogênio (estradiol). A terapia de reposição de testosterona reduz a resistência à insulina e melhora o controle glicêmico em homens com hipogonadismo com diabetes tipo 2 [3]. Isso significa que homens mais resistentes à insulina vão acumular gordura mais facilmente se deixarem seus níveis de estrogênio elevados. Esse aumento da resistência à insulina devido à baixos níveis de testosterona em homens, é um fator importante que leva ao aumento de gordura pós-ciclo de esteroides, principalmente se os níveis de estrogênio estão elevados, o que é bem comum. Por isso a importância do uso de inibidores de aromatase (exemestano, anastrozol, letrozol) após um ciclo de esteroides, assim como também a recuperação o mais rápido possível dos níveis de testosterona, utilizando para isso o HCG. Os inibidores de aromatase bloqueiam a ação da enzima aromatase, que converte testosterona em estradiol, o que faz com que os níveis de estradiol reduzam com o tempo, mas é preciso cuidar para que os níveis de E2 não fiquem tão baixos à ponto de afetarem negativamente a libido e a função erétil, por isso o anastrozol é menos agressivo nesse sentido, embora muita gente defenda o uso do exemestano por não provocar um efeito rebote e também não perder parte da eficácia ao ser combinado com os SERMs (tamoxifeno, clomifeno).



Outra grande droga de auxílio no pós-ciclo seria a metformina, visando a melhora da sensibilidade à insulina, já que o aumento da resistência à insulina potencializa o ganho de gordura. Em homens com síndrome metabólica, com níveis de testosterona normais ou baixos, constatou-se que a administração de metformina (850 mg/dia, 2 vezes ao dia), associada a modificação no estilo de vida, resultou em melhora da sensibilidade insulínica e elevação da testosterona total e livre [4].

A forma que a testosterona o estradiol influenciam no tecido adiposo parece ser através da regulação dos receptores alfa e beta-adrenérgicos. A testosterona inibe a captação de lipídeos e a atividade da lipoproteína lipase nos adipócitos (células de gordura), estimula a lipólise (quebra de triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol), aumentando o número de “receptores beta-adrenérgicos” lipolíticos, e inibe a diferenciação das células precursoras dos adipócitos. Os androgênios estimulam o metabolismo em repouso e a oxidação dos lipídeos e intensificam o processamento da glicose, aumentando a expressão dos transportadores de glicose na membrana plasmática dos adipócitos [5]. Já o estrogênio aumenta diretamente o número de “receptores alfa2-adrenérgicos” anti-lipolíticos em adipócitos subcutâneos, principalmente na região glúteo-femural, dando aspecto de corpo em formato de pera nas mulheres [6]. Lyle McDonald fala que em membros inferiores de mulheres foram encontrados para ter cerca de nove vezes mais receptores alfa-2 em relação a receptores beta-2 [7].
Essas informações mostram que a Ioimbina, um fármaco antagonista seletivo dos receptores alfa-2 adrenérgicos, pode ter uma dupla utilidade na TPC, seja como estimulante sexual, como também evitando o acúmulo de gordura devido a uma possível suprarregulação dos receptores alfa2-adrenérgicos pós- ciclo de esteroides. Na performance sexual masculina a ereção está ligada à atividade colinérgica e ao bloqueio alfa-2 adrenérgico, os quais podem teoricamente resultar em aumento do tonus peniano, diminuindo o esvaziamento do fluxo no pênis ou ambos, provocando a estimulação eréctil sem aumentar o desejo sexual. A Ioimbina produz vasodilatação do corpo cavernoso pelo efeito alfa-antagonista [8].

Além do protocolo tradicional de uma TPC, com base em HCG, SERMs e IAs, adicionamos o uso de metformina, visando melhora da sensibilidade à insulina, e o uso da ioimbina, visando menor acúmulo de gordura e estimulação erétil. As doses padrão que considero mais eficientes para todos esses fármacos são [9]:



TPC HALUCH
HCG – 2000-5000UI semana, geralmente nas primeiras 3-4 semanas de TPC
Tamoxifeno ~20-40mg por dia por todo tempo da TPC (~6-8 semanas)
Inibidores de aromatase – seria necessário avaliar os níveis de estradiol com exames para uma dose mais segura, mas com anastrozol, uma dose inicial pode variar entre 1mg por dia ou 1mg dsdn, fazendo o desmame gradativamente para evitar rebote.
– Metformina ~1000mg ao dia, 500mg 2x por dia.
Ioimbina ~15-20mg por dia, dividindo em 2-4 doses durante o dia.

Uma TPC pode ser mais eficaz com o uso de GH e proviron (sem supressão do eixo HPT), além do uso de algum fitoterápicos que podem ajudar na libido, disposição, como tribulus, maca peruana, mucuna pruriens.
Nas mulheres, não é necessária uma recuperação do eixo hormonal, porque não ocorre supressão, então o uso de HCG, SERMs (podem ser usados para acelerar a volta da menstruação), IAs, não se faz necessário. No entanto, podemos ter uma grande utilidade no uso de metformina e ioimbina, visando controlar o ganho de gordura e a resistência à insulina pós-ciclo, que faz com que algumas mulheres sofram com acne depois de um ciclo de esteroides.

Continuo achando a ideia de ciclo e TPC estúpida visando uma melhora do shape gradativamente, ainda mais com altas doses e drogas de meia-vida longa, devido a todos os problemas de recuperação do eixo e manutenção dos ganhos, baixo custo-benefício [10]. Então esse artigo é só para esclarecer como se potencializa uma melhor recuperação do eixo HPT para usuários de esteroides que desejam interromper o uso. Os ganhos com ciclo não são sólidos, e quanto maior você é, mais difícil será manter esses ganhos, então não se iluda. Após um ciclo você só pode manter no máximo aquilo que seria seu limite natural, o que na verdade quase ninguém consegue alcançar.



abraços, dudu haluch

REFERÊNCIAS:

[1] ESTEROIDES e TECIDO ADIPOSO (DUDU)

[2] Estradiol in elderly men.
Vermeulen A1, Kaufman JM, Goemaere S, van Pottelberg I.
Aging Male. 2002 Jun;5(2):98-102.

TESTOSTERONA, ESTRADIOL E GORDURA ABDOMINAL (DUDU)

[3] Effect of testosterone on insulin sensitivity in men with idiopathic hypogonadotropic hypogonadism. Naharci MI1, Pinar M, Bolu E, Olgun A.

Testosterone replacement therapy improves insulin resistance, glycaemic control, visceral adiposity and hypercholesterolaemia in hypogonadal men with type 2 diabetes. Kapoor D1, Goodwin E, Channer KS, Jones TH.



[4] Endocrinologia Clínica, Lucio Villar, 5ª edição.

Effects of metformin and short-term lifestyle modification on the improvement of male hypogonadism associated with metabolic syndrome.
Casulari LA, Caldas AD, Domingues Casulari Motta L, Lofrano-Porto A.

[5] Fisiologia Endócrina, Patrícia E. Molina, 4ª edição

[6] Estrogen controls lipolysis by up-regulating alpha2A-adrenergic receptors directly in human adipose tissue through the estrogen receptor alpha. Implications for the female fat distribution.
Pedersen SB, Kristensen K, Hermann PA, Katzenellenbogen JA, Richelsen B.

[7] Why is Stubborn Fat Stubborn? Lyle McDonald

[8] Bula Yomax.

[9] TERAPIA PÓS-CICLO (PROTOCOLOS)

Pq NÃO fazer TPC SERMS (DUDU)

[10] A ilusão do CICLO (DUDU)




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