Meia-vida dos fármacos e tempo de administração
Vamos falar um pouco sobre meia-vida dos fármacos e tempo de administração.
Meia vida é o tempo que a concentração de um fármaco leva para cair pela metade.
Vamos ficar no teórico simples! Deixando de lado a farmacodinâmica, nos concentrando apenas na farmacocinética, imaginando que ao administrar tenhamos 100% da dose circulando no sangue.
Ou seja, se foi administrado 100 mg, seria o tempo que leva para termos apenas 50 mg no organismo. Digamos que esse período seja de 6 horas para uma determinada substância. Assim sendo, após 12 horas da administração (2 meias vidas) teremos 25 mg. Após 18 horas (3 meias vidas) teremos 12.5 mg.
Abaixo eu mostro para vocês o que aconteceria em dias situações diferentes:
Exemplo 1: 100mg a cada 6h:
6h- 50 + 100 = 150mg
12h- 75 + 100 = 175mg
18h- 87,5 + 100 = 187,5mg
24h- 93,75 + 100 = 193,75mg
30h- 96,875 + 100 = 196,875mg
36h- 98,4375 + 100 = 198,4375mg
Exemplo 2: 200mg a cada 12h:
12h- 50 + 200 = 250mg
24h- 62,5 + 200 = 262,5mg
36h- 65,625 + 200 = 265,625mg
Na primeira, teríamos a administração de 100 mg a cada 6 horas, a cada meia vida.
Na segunda, teríamos a administração de 200 mg a cada 12 horas, a cada duas meias vidas.
Fiz então o cálculo da dose que teríamos circulante no momento da administração da nova dose. No primeiro caso, após 6 horas, teríamos 50 mg (metade dos 100 mg administrados no tempo zero) e administraríamos mais 100, resultando em 150 mg.
No segundo caso, após 12 horas, teríamos os mesmos 50 mg (metade da metade dos 200 mg administrados no tempo zero) e administraríamos mais 200, resultando em 250 mg.
Esta simulação continua para que vocês percebam a flutuação da dose resultante das diferentes formas de administração.
Em ambos os casos temos a estabilização do empilhamento em torno de 4 meias vidas, 24 horas.
Contudo, no primeiro caso, ao administrar 100 mg a cada 6 horas, a flutuação da dose ocorre entre 90 e 200 mg.
Já no segundo caso, ao administrar o dobro da dose no dobro do tempo, 200 mg a cada 12 horas, a flutuação da dose circulante ocorre entre 60 e 270 mg.
Flutuações muito grandes são desvantajosas por dois motivos.
Primeiro, dose muito baixa pode acabar abaixo da faixa terapêutica, perdendo o efeito.
Segundo, dose muito alta resulta em mais efeitos adversos, ou colaterais.
Por isso, mesmo utilizando uma formulação depot com meia vida de 7 dias, seu coach pode lhe orientar a fracionar a dose a fim de aplicar diariamente (TSD) ou dia sim dia não (DSDN)
AUTOR: GABRIEL KAMINSKI