Além dos alimentos ultraprocessados prejudicarem o controle da saciedade, eles possuem maior densidade energética, o que favorece o ganho de peso no longo prazo. Com o acúmulo de gordura, nosso tecido adiposo é infiltrado por células do sistema imune, principalmente macrófagos.
Os adipócitos hipertrofiados e os magrófagos passam então a secretar uma série de substâncias, como as citocinas inflamatórias TNF-α (fator de necrose tumoral alfa), IL-6 (interleucina 6) e IL-1 (interleucina 1). Essas proteínas atuam sobre o receptor de insulina e prejudicam a sinalização da insulina nos tecidos, principalmente no hipotálamo, no músculo esquelético e no fígado.
Consequentemente, ocorre aumento da resistência à insulina nesses tecidos. A resistência à insulina no hipotálamo prejudica a ação anorexígena da insulina nesse tecido e promove hiperfagia. O indivíduo obeso come mais não só porque os alimentos ultraprocessados dificultam o controle do apetite, mas também porque ele está propenso a sentir mais fome por estar resistente à insulina.
No músculo esquelético, a resistência à insulina prejudica a captação de glicose pelos transportadores GLUT-4, e como o músculo é o principal responsável pela captação de glicose no período pós-prandial ocorre hiperglicemia. No fígado, onde a insulina tem efeito inibitório sobre a gliconeogênese, a ação da insulina também fica prejudicada, aumentando ainda mais os níveis de glicose.
Devido à hiperglicemia no período pós-prandial, o pâncreas precisa liberar mais insulina do que o normal, e, com o tempo, as células do pâncreas sofrem exaustão, levando ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Devido ao aumento da resistência à insulina no músculo, os adipócitos passam a captar boa parte da glicose da corrente sanguínea, o que leva a um acúmulo maior de gordura.
Referência: Livro Emagrecimento e Metabolismo. Dudu Haluch. 2021