Muitos atletas, usuários experientes de esteroides e pessoas com anos de musculação em geral dominam os aspectos básicos de construção de uma dieta para ganho de massa muscular (bulk) ou para definição (cutting, contest), mesmo que não dominem toda a base da teoria nutricional para montar uma dieta bem equilibrada em nutrientes e eficiente para o objetivo.
De qualquer forma não existem estudos sérios que relacionem dieta ao uso de hormônios para finalidade estética, por motivos óbvios. No entanto é bem conhecido que ao usar hormônios, como esteroides androgênicos, GH e insulina, ocorrerá um aumento de eficiência metabólica por parte do organismo, ocorrendo aumento da síntese proteica, retenção de glicogênio e também queima de gordura (com esteroides e GH). Esse é o motivo também porque os esteroides funcionam melhor numa dieta de alta caloria [1]. “Quanto menor os níveis de carboidratos em uma dieta, menores níveis de insulina e insulinase, menor a eficiência dos esteroides. Agora você pode entender porque mesmo altos níveis de andrógenos não produziram grandes resultados em uma dieta muito restrita em carboidratos” [2]. Esse é um dos motivos que torna uma dieta cetogênica pouco eficiente durante o uso de esteroides, tanto pelos baixos níveis de glicogênio muscular, como também pelos baixos níveis de insulina, diminuindo a síntese proteica dos esteroides e o efeito anti-catabólico fornecido pela insulina [3].
Mas o que pretendo abordar principalmente nesse artigo é como manipular os macros e calorias da dieta durante uma dieta bulk ou cutting.
Segundo L. Rea, autor de Chemical Muscle Enhancement, os maiores ganhos de um ciclo acontecem entre 10 e 30 dias do início do ciclo, onde ocorre uma quebra de homeostase mais violenta [4]. Portanto a tendência é que não ocorram ganhos muito significativos à partir da 6ª semana, no entanto os colaterais podem se agravar (aromatização, retenção, etc). Os ganhos de um ciclo tendem a estagnar entre 6 e 8 semanas [5], após esse tempo o corpo tende a compensar a esse estado de anabolismo induzido farmacologicamente , provocando um aumento da produção de hormônios catabólicos (corticosteróides) e alteração da sensibilidade dos receptores hormonais para os esteroides anabolizantes androgênicos. Como resultado , ocorre o efeito anulador e aquele ciclo dessas drogas necessitaria ser reprojetado mudando-se as drogas e/ou aumentando-se a dosagem. Tal procedimento pode temporariamente prolongar o estado de anabolismo , porém fatalmente irá surgir outro efeito anulador. O que ocorre é que o organismo está sempre em ciclos de anabolismo-catabolismo de forma constante. As estruturas proteínicas estão sempre sendo construídas e degradadas e não existiria de maneira nenhuma do atleta estar permanentemente no estado de anabolismo ou de construção : se isso ocorresse , qualquer ser humano cresceria até ficar do tamanho de um prédio. Porém fato comprovado é que a fim de aumentar a massa muscular , o atleta precisar estar , na maioria das vezes , mais no estado de anabolismo do que no estado de catabolismo. Assim , é crucial que ele previna a ocorrência de estados prolongados de catabolismo , pois do contrário haverá grande perda do precioso tecido muscular [6].
Sabendo que os ganhos são maiores no início do ciclo, e que após ~6-8 semanas os ganhos tendem a estagnar pelo aumento da produção de hormônios catabólicos pelo corpo, não é muito inteligente você tentar provocar um aumento dos ganhos do ciclo por uma manipulação da dieta, aumentando as calorias, uma vez que o estado anabólico não é mais tão favorável após as primeiras semanas do ciclo, e portanto um aumento das calorias da dieta nesse período tende a favorecer um aumento de gordura maior do que de massa muscular, a menos que você aumente também as doses de hormônios anabólicos. Por esse motivo acho muito importante que você comece sua dieta BULK com um número de calorias bem efetivo, acima de 500kcal do seu regime pre-ciclo, com um superávit médio de 1000kcal, dependendo da dose de hormônios que você vai usar (isso é apenas uma estimativa, baseada no feeling). Lembre-se que se você sobe as doses dos hormônios na metade do ciclo para potencializar os ganhos com aumento das calorias da dieta, ainda assim não terá a mesma eficiência e custo-benefício dos ganhos no início do ciclo, e ainda terá que lidar com o crash hormonal pós-ciclo, que pode levar boa parte dos seus ganhos embora, tornando todo trabalho em vão, por isso sempre tenha paciência e não almeje ganhos absurdos num único ciclo. Se você é experiente e pretende usar insulina num ciclo, você pode adicioná-la em algum momento no meio do ciclo para ajudar na quebra de platô e se manter em estado anabólico, e de preferência com GH (aumentando a dose de GH se você começou com ele desde o início do ciclo).
Agora, se você está em uma dieta para definição (cutting, contest), então o que você quer basicamente é mais potencial metabólico de queima de gordura do que um efeito anabólico direto como num bulk, então para ter uma boa eficiência dos hormônios (principalmente efeito anti-catabólico e termogênico) você deve manter uma dieta bem equilibrada nos macronutrientes (proteína, carboidratos, gorduras), e sem começar com um déficit calórico muito grande, que fique na média de 1000kcal (enquanto para um natural a média fica em torno de 400-500kcal). Com o tempo você pode reduzir ainda mais as calorias da dieta para quebrar platô, por isso é importante não começar com um déficit calórico muito grande e também ser cauteloso inicialmente com o uso de termogênicos e exercícios aeróbicos. É sempre bom ter cartas na manga. Você também pode aumentar as doses de hormônios durante o cutting, mas lembre-se que em uma dieta muito restrita isso não será muito eficiente, principalmente no caso de esteroides androgênicos. No entanto com uma dieta low carb níveis endógenos de insulina menores favorecem ação do GH e dos termogênicos como a efedrina, cafeína [7], uma vez que insulina inibe a lipólise. O uso de hormônios da tireoide (T4, T3) também é de grande utilidade para os mais experientes, pois os níveis de T3 endógenos tendem a diminuir em uma dieta de baixa caloria e pouco carboidrato, diminuindo sua taxa metabólica [8]. Agora, lembre-se, que quanto mais variáveis você utiliza durante o ciclo, mais trabalho você terá para manter seu condicionamento após o ciclo (sem contar os colaterais devidos ao crash hormonal), principalmente se você não se mantém on fire. Se você é um user recreativo ou novato fique longe de hormônios da tireoide e insulina.
Durante o cruise e a TPC a dieta é a última coisa que você vai modificar, primeiro tirando os aeróbicos termogênicos, se você estava em cutting, depois adaptando as calorias lentamente. Agora se você termina um bulk jamais deve aumentar as calorias da dieta na TPC, porque o quadro hormonal é totalmente favorável para perda de massa muscular (cortisol alto, testosterona baixa) e ganho de gordura (estrogênio alto, a menos que tenha usado um inibidor de aromatase, mas ainda assim terá que lidar com o desequilíbrio na relação testosterona/estradiol). Então o ideal durante o cruise e TPC é tentar manter as calorias da dieta aproximadamente estáveis, ou ir ajustando de acordo com seu percentual de gordura, lembrando que as perdas são inevitáveis, ainda mais para quem faz TPC, mas também depende da rapidez com que você recupera seu eixo e da sua estrutura física (quanto maior mais difícil manter os ganhos). Um protocolo de cruise e TPC bem feitos são fundamentais para a manutenção dos ganhos do ciclo [9, 10].
abraços, DUDU HALUCH
REFERÊNCIAS:
[1] https://www.facebook.com/HormoniosEMusculacaoDuduHaluch/posts/486978104691293
[2] https://duduhaluch.com.br/dieta-e-hormonios-insulina-leptina-e-esteroides/
[3] https://www.facebook.com/HormoniosEMusculacaoDuduHaluch/posts/486315258090911
[4] Chemical Muscle Enhancement, L. Rea.
[5] Anabolics, WILLIAM LLEWELLYN, 9ª edição.
[6] http://fisiculturismo.com.br/artigo.php?id=297&titulo=No+Pain+No+Gain+-+Na+verdade
Advanced Sports Nutrition – International School of Sports Nutrition and Human Performance
[7] https://duduhaluch.com.br/efedrina/
[8] Fisiologia Médica, Cap. 18, W. F. Ganong
[9] https://duduhaluch.com.br/cruise-trh-dudu/
[10] https://duduhaluch.com.br/terapia-pos-ciclo-protocolos/
[11] Nutrição para o Treinamento de Força, S. M. Kleiner & M. Greenwood-Robinson, 3ª edição.