Estratégias como jejum intermitente, low carb, aeróbico em jejum e restrição de carboidratos em um período do dia (manhã ou noite) não se mostram superiores às estratégias convencionais, como aeróbico sem jejum, comer frequentemente e dieta low fat (segundo a maior parte das evidências). Para os profissionais mais conservadores isso pode significar que elas são inúteis e não deveriam ser utilizadas.
No meu ponto de vista esse tipo de mentalidade também é equivocada, pois ignora aspectos que muitas vezes não são levados em consideração nos estudos, como resposta individual, aderência e adaptações no metabolismo com a perda de peso. As duas primeiras muitas vezes são levadas em consideração, a última dificilmente. Ou seja, mudar a estratégia de dieta durante um processo de perda de peso pode promover resultados diferenciados comparado ao que seria esperado ao utilizar a mesma estratégia em uma situação normal, quando a pessoa está começando um processo de perda de peso.
As estratégias que ciclam carboidratos e calorias levam em conta essa dinâmica do metabolismo, caso contrário deveríamos apenas defender déficit calórico para todo mundo e aumentar o gasto energético com atividade física. Não há dúvidas que o déficit energético é o mais importante para promover perda de peso/gordura, mas manter o foco apenas nessa estratégia simplista também é um equívoco, pois quanto mais peso se perde, maior são os efeitos das adaptações metabólicas, que tornam o nosso metabolismo mais lento (termogênese adaptativa) e aumentam a nossa fome (redução da leptina, aumento da grelina etc). Essas adaptações fisiológicas dificultam grandes perdas de peso e favorecem o reganho de peso (efeito sanfona).
Isso não significa que estratégias mirabolantes são necessárias para o emagrecimento. No início de um processo de perda de peso o básico funciona muito bem, pois para um indivíduo sedentário e com hábitos alimentares ruins, simples adequações na dieta e prática da atividade física já fazem uma grande diferença, melhorando sensibilidade à insulina, saciedade e promovendo déficit energético. Além disso, uma estratégia que leve a uma mudança radical na dieta tende promover pouca aderência no longo prazo. Estratégias citadas no início podem ser muito úteis no emagrecimento se elas consideram a resposta individual e a aderência.
abraços, Dudu Haluch