Eu já sabia, quem lembra da trakinas com leite? lol
A maioria das pessoas ficou surpresa com o estudo recente que mostrou que não havia diferença na ressíntese de glicogênio, na glicemia, nos lipídios (perfil lipídico) e na resposta da insulina quando se comparava a ingestão de fast-food (McDonald's) com suplementos (gatorade, barra de proteína).
A verdade é que seria de esperar que ao manter o mesmo balanço de macronutrientes as repostas metabólicas sejam as mesmas (até porque alimentos de alto índice glicêmico são recomendações comuns após a atividade física), e nesse caso foi forçado um pouco o consumo de gorduras na suplementação para se adequar ao fast-food. Embora isso seja um alerta claro para quem adora se entupir de barra de proteína, uma estratégia nutricional inteligente tende a fazer escolha melhores nos suplementos usados pós-treino.
De qualquer forma, é preciso deixar claro que o estudo não entra no mérito de afirmar que fast-food são bons alimentos pós-treino, e sim que eles cumpriram o mesmo papel dos suplementos escolhidos na questão da recuperação dos estoques de glicogênio. Eu fico muito à vontade em extrapolar que a síntese proteica também não teria diferença significativa ao se comparar os dois casos, mantendo a mesma ingesta proteica. Sim meu jovem, para seu corpo não faz muita diferença se a proteína veio do hambúrguer ou da whey mais top do mercado (reze para que não esteja subdosada, porque hambúrguer tende a ser mais confiável). Embora existam diferenças no conteúdo de aminoácidos, velocidade de absorção, perfil de micronutrientes, entre fontes proteicas distintas, em geral o aproveitamento de nutrientes não tende a ser muito diferente, principalmente quando você olha para todo o contexto da dieta.
Agora vamos deixar claro uma coisa, dificilmente você vai conseguir bons resultados com uma dieta baseada na ingestão de fast-food em várias refeições durante o dia, e não falo só por questão de saúde, mas principalmente em questão de resultados, embora algumas pessoas podem apresentar bons resultados misturando bons alimentos com fast-food, se isso é feito de forma consciente em alguém com um metabolismo favorável (ambiente hormonal, potencial genético).
Uma complicação de se adicionar fast-food na dieta é que o balanço de macronutrientes tende à favorecer uma maior ingestão de gorduras saturadas e trans, e também alimentos de alto índice glicêmico e frutose (doces). O consumo elevado desses nutrientes oferece além de uma alta densidade energética, uma piora da resposta metabólica (resistência à insulina), principalmente em uma dieta de ganho de peso. Alta densidade energética não é algo ruim para quem tem dificuldade de ganhar peso, indivíduos magros e com maior sensibilidade à insulina, desde que a dieta por um todo tenha um bom perfil nutricional e o indivíduo seja um praticante de atividade física. Mas uma alta densidade energética de alimentos acaba não sendo boa escolha para indivíduos que tem dificuldade com a perda de peso (pela dificuldade em oferecer saciedade), assim como fast-food tende à piorar a resposta à insulina em uma dieta de ganho de peso para indivíduos mais resistentes à insulina, já que eles ganharão peso e gordura muito mais facilmente que pessoas mais sensíveis à insulina com a mesma escolha de alimentos.
Um indivíduo que tem dificuldade na perda de peso precisa escolher alimentos com menor densidade energética e que aumentem a saciedade, a fim de tornar mais confortável o seguimento da dieta. Mas posso dizer que comer fast-food em uma dieta hipocalórica, para alguém que faz atividade física, tem um bom perfil hormonal e metabólico, baixo percentual de gordura, não ofereceria grandes problemas, seja em questão de saúde ou resultados, principalmente se a dieta como um todo oferecer um bom perfil nutricional.
A conclusão é clara, o estudo oferece apenas um resultado particular e muito específico, a ressíntese de glicogênio foi indiferente após exercício comparando alguns suplementos com fast-food. O resultado mais interessante foi que o perfil metabólico também foi o mesmo nas duas situações. Mas nem por isso se pode concluir que ingerir fast-food é algo benéfico pós-treino, e sim, que é preciso avaliar o contexto da dieta e do indivíduo, seus objetivos, seu perfil metabólico, ambiente hormonal e seu potencial genético.
abraços, dudu haluch
Observação:
Ontem eu escrevi um texto sobre a comparação de fast-food com suplementos pós-treino. No texto me dediquei a esclarecer e contextualizar melhor a aplicabilidade do que o artigo tratava, embora muita gente acredite que era óbvio, é importante ver uma fundamentação científica para aquilo que já especulamos ser verdade. Infelizmente vi muitos comentários do tipo, “whey é merda, vou comer fast-food, blablabla”. Enfim, sei que muita gente estava brincando, mas sei que muitos provavelmente não leram com atenção o que escrevi ou realmente não entenderam, até porque vi poucos comentários sobre metabolismo, sensibilidade á insulina, potencial genético, saciedade, entre outros termos importantes que dei muita ênfase no texto. Sei que parte das pessoas que leem meus textos não entendem algumas coisas, mas era só uma questão de ler com atenção, nem precisava de interpretação. Por favor né, não faz sentido ficar comendo x-burguer e batata frita pós-treino se vc é gordo ou nem aparenta que treina. Que seu shape justifique o que vc faz acima de tudo, seja pelo uso abusivo de suplementos, hormônios e/ou de uma dieta cheia de refeição lixo.
abraços, Dudu Haluch
matéria sensacionalista sobre o assunto:
http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/fast-food-tem-mesmo-efeito-que-suplementos-apos-treino-diz-estudo-15768817.html?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_content=fast+food&utm_campaign=Extra#ixzz3WBicXmQg
artigo original:
Post-exercise Glycogen Recovery and Exercise Performance is Not Significantly Different Between Fast Food and Sport Supplements.
Cramer MJ, Dumke CL, Hailes WS, Cuddy JS, Ruby BC.