PROBLEMAS COM BAIXO ESTROGÊNIO (DUDU)

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Porque baixar estrogênio nem sempre ajuda na perda de gordura e pode até mesmo atrapalhar!

Já comentei anteriormente que considero uma péssima ideia baixar o estradiol da mulher que faz uso de esteroides, principalmente porque isso potencializa os efeitos virilizantes dos esteroides androgênicos. Já vi muitas atletas e usuárias comuns que usavam inibidor de aromatase durante o ciclo por acreditar que o estrogênio mais baixo facilitaria a perda de gordura.

As coisas não são tão simples assim, mulheres na pós-menopausa (portanto, com baixo estrogênio) acumulam mais gordura em seus depósitos intra-abdominais do que as mulheres pré-menopausa e nós sabemos que o estrogênio é responsável pelo maior depósito de gordura glúteo-femural na mulher. Calma, não estou dizendo que o estradiol elevado é bom e sim que baixar/suprimir o estrogênio pode ser um problema, principalmente nas mulheres.



O padrão do corpo feminino em forma de pera é decorrente da maior presença de receptores de estrogênio na região do glúteo e das coxas, assim como maior presença de receptores alfa-adrenérgicos (anti-lipolíticos) em relação a receptores beta-adrenérgicos (lipolíticos), o que favorece maior acúmulo de gordura nessa região. Membros inferiores de mulheres foram encontrados para ter cerca de nove vezes mais receptores alfa-2 em relação a receptores beta-2. Isso significa menor queima de gordura para as mulheres nos membros inferiores.

Homens obesos tem maior expressão da enzima aromatase, por isso convertem mais testosterona em estradiol, o que provoca feedback negativo do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, reduzindo os níveis de testosterona e aumentando a resistência à insulina. Nesses homens a terapia de reposição de testosterona melhora a sensibilidade à insulina e a composição corporal. O estrogênio elevado também aumenta a resistência à insulina em homens e mulheres (durante a gravidez por exemplo).

O estrogênio também pode afetar a ingestão de alimentos e o peso corporal através de sua interação com neuropeptídeos que atuam nos centros de fome e saciedade do hipotálamo.



“Os hormônios gonadais controlam potentemente a ingestão de alimentos e o peso corporal. Em animais fêmeas, os efeitos ativacionais do estradiol influenciam aguda e cronicamente a homeostase do peso corporal [1-3]. Em ratos e camundongos, o estrogênio exerce um efeito inibidor tônico sobre o tamanho da refeição e ingestão alimentar diária ao longo do ciclo ovariano e um efeito inibitório cíclico durante a fase peri-ovulatória [1, 3-5]. A remoção de estrogênio leva a alterações no tamanho e duração da refeição [6,7], hiperfagia e obesidade. O estrogénio tem efeitos semelhantes nos seres humanos onde modula as diminuições peri-ovulatórias na ingestão diária de alimentos [8]. Além disso, as reduções de estrogênio estão associadas a mudanças no peso corporal e na distribuição de gordura em seres humanos, o que é paralelo aos achados em animais [8]. Estrogênio tem a capacidade de controlar o equilíbrio energético, ingestão de alimentos e distribuição de gordura corporal e isso pode ser mediada através de sua interação com hormônios orexigênicos e anorexígenos.”

Baixos níveis de estrogênio aumentam a prevalência de resistência à insulina, principalmente nas mulheres. A gordura visceral varia inversamente com os níveis de estrogênio. Quando os níveis de estrogênio se tornam suficientemente baixos acúmulo de gordura visceral ocorre nas fêmeas, possivelmente devido a efeitos diretos de estrogênio. Em mulheres com síndrome de ovários policísticos a resistência à insulina está associada ao hiperandrogenismo e com a melhora da sensibilidade à insulina ocorre redução dos níveis de testosterona (uso da metformina por exemplo). A redução da testosterona com contraceptivo oral ou antiandrógeno (espironolactona) também melhora a sensibilidade à insulina da mulher.

Assim você entende porque muitas mulheres podem ter aumento da gordura e da retenção hídrica com uso de esteroides androgênicos (efeito contrário do que elas esperavam) e isso pode agravar com uso de inibidores de aromatase. Isso porque muitos treinadores e atletas acreditam que o estrogênio atrapalha a perda de gordura, mas como vimos não é o caso se ele está em níveis fisiológicos. Também já comentei em outros textos que o uso de anticoncepcionais (principalmente os que combinam estrogênio com progesterona) prejudicam a perda de gordura e ganho de massa muscular, porque reduzem drasticamente os níveis de testosterona, principalmente a testosterona livre.



Nós já sabemos que nos homens a supressão do estrogênio pode afetar negativamente o perfil lipídico e a função sexual (libido e ereção). Já um nível elevado de estrogênio pode prejudicar a perda de gordura, principalmente em indivíduos menos sensíveis à insulina. Nos atletas que tem facilidade para perder gordura é pouco provável que uma redução drástica do estrogênio melhore a perda de gordura e isso é muito mais improvável nas mulheres, em que é mais provável que ocorra o efeito contrário.

O tecido adiposo subcutâneo tem concentrações mais elevadas de receptores de estrógeno (ER) e progesterona (PR); No entanto, o tecido adiposo visceral tem maiores concentrações de receptores androgênicos (AR). Além disso, o tecido adiposo subcutâneo tem poucos receptores de andrógenos, e o estrogênio regula negativamente a expressão de AR na gordura subcutânea. Andrógenos e estrógenos regulam negativamente os receptores um do outro, mas quando o nível de androgênios é alto (num ciclo de esteroides) é pouco provável que o estrogênio interfira negativamente nos indivíduos que tem baixo percentual de gordura e boa sensibilidade à insulina. Já nos que estão com percentual de gordura mais alto e/ou aqueles que tem muita dificuldade de perda de gordura é prudente um maior controle do estradiol, embora não uma supressão agressiva. Nas mulheres a redução do estradiol pode ser tão prejudicial quanto o uso do anticoncepcional.

REFERÊNCIAS:

Central Effects of Estradiol in the Regulation of Adiposity
LM Brown and DJ Clegg

Síndrome dos ovários policísticos, síndrome metabólica, risco cardiovascular e o papel dos agentes sensibilizadores da insulina



Interplay between insulin resistance and estrogen deficiency as co- activators in carcinogenesis.
Suba Z

Insulin resistance of pregnancy involves estrogen-induced repression of muscle GLUT4.
Barros RP1, Morani A, Moriscot A, Machado UF.

RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL NAS MULHERES: saúde, atração física e fitness (dudu)




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