Não há vantagem metabólica a uma maior frequência das refeições. Isto tem sido repetidamente demonstrado na pesquisa bem controlada. O aumento da frequência das refeições não promove uma maior perda de peso corporal. A diminuição da taxa de oxidação de carboidratos observado durante o período de jejum foi compensada por um aumento da oxidação de gordura para cobrir as necessidades energéticas. No padrão de maior frequência de refeições, oxidação de carboidratos e gorduras permaneceu relativamente constante durante as horas ativas do dia [1].
Quando o consumo calórico da refeição é controlado, a resposta hormonal (insulina, leptina, grelina) do organismo a um dado conjunto de nutrientes, com a exceção de lípidos no sangue, parece ser mais determinado pelo teor calórico total e macronutrientes da refeição do que da fonte de alimentos. Dessa forma, desde que as necessidades de proteínas e ácidos graxos essenciais sejam respeitadas, parece fazer pouca ou nenhuma diferença no metabolismo se você come limpo ou sujo (fast-food), se as quantidades de macronutrientes são fixadas. De qualquer forma isso não necessariamente pode ser extrapolado, pois o estudo em questão avaliou apenas uma grande refeição, e não diz nada á respeito do conteúdo de micronutrientes, a influência na saciedade. Mesmo porque sabemos que o grande problema do ganho de peso hoje é o consumo descontrolado de fast food. O estudo em questão mostrou que não existe diferenças metabólicas, exceto pelo perfil lipidico, entre comer limpo e sujo, se o conteúdo calórico total e o balanço de macronutrientes é respeitado [2].
Uma avaliação exaustiva de ensaios de intervenção humanos não encontrou nenhuma diferença significativa na perda de peso média entre dietas de baixo e alto índice glicêmico. Em conclusão, o atual corpo de evidências de pesquisa não indica que alimentos com baixo IG são superiores aos alimentos com alto IG em relação ao tratamento da obesidade. Alguns alimentos com alto IG (como a melancia, batata inglesa) também possuem baixa carga glicêmica (o que remete a uma menor resposta à insulina), enquanto alguns alimentos de baixo IG (leite, feijão cozido, iogurte) elevam a resposta à insulina. Co-ingestão de proteínas e gorduras pode tanto baixar o IG da refeição, como, potencializar a resposta à insulina, dependendo também da combinação e modo de preparo da refeição [3].
abraços, dudu haluch
[1] Increased meal frequency does not promote greater weight loss in subjects who were prescribed an 8-week equi-energetic energy-restricted diet. Cameron JD, Cyr MJ, Doucet E.
Effect of the pattern of food intake on human energy metabolism.
Verboeket-van de Venne WP, Westerterp KR, Kester AD.
Influence of the feeding frequency on nutrient utilization in man: consequences for energy metabolism.
Verboeket-van de Venne WP, Westerterp KR.
Meal frequency and energy balance.
Bellisle F, McDevitt R, Prentice AM.
[2] Hormonal Responses to a Fast-Food Meal Compared with Nutritionally Comparable Meals of Different Composition – Research Review (análise de Lyle Mcdonald)
Hormonal responses to a fast-food meal compared with nutritionally comparable meals of different composition.
Bray GA, Most M, Rood J, Redmann S, Smith SR.
[3] Elements Challenging the Glycemic Index (Alan Aragon)
No difference in body weight decrease between a low-glycemic-index and a high-glycemic-index diet but reduced LDL cholesterol after 10-wk ad libitum intake of the low-glycemic-index diet.
Sloth B, Krog-Mikkelsen I, Flint A, Tetens I, Björck I, Vinoy S, Elmståhl H, Astrup A, Lang V, Raben A.
Raatz SK, et al. Reduced glycemic index and glycemic load diets do not increase the effects of energy restriction on weight loss and insulin sensitivity in obese men and women. J Nutr. 2005 Oct;135(10):2387-91.
Raben A. Should obese patients be counselled to follow a low-glycaemic index diet? No. Obes Rev. 2002 Nov;3(4):245-56.