LOW DOSES DE TESTO, HD/HIT, YOIMBINA, ENDOMORFO, ASSIMETRIAS, BLAST & CRUISE E COMPETIÇÃO, BLAST ETERNO E HOMEOSTASE, VOLUME DE TREINO, ANTICONCEPCIONAL, EXAMES HORMONAIS PÓS-CICLO, MTOR, MACRONUTRIENTES E CALORIAS
1) Matheus Silva: Low doses de testo por um longo periodo, pode ser considerado menos agressivo do que um blast and cruise?
“Com certeza, deixando claro que considero low doses de testo algo em torno de ~200-300mg por semana (se você tem muita massa muscular pode usar um pouco mais), uma dose eficaz para jogar sua testosterona entre ~1200-2000ng/dl (usando enantato ou cipionato) em algumas semanas, e produzir ganhos de massa muscular no longo prazo sem prejudicar muito a saúde. Sendo menos agressivo, ganhos são lentos e gradativos, levando de 6 a 12 meses para ter um ganho semelhante a um blast (~6-10kg), mas de forma muito mais sólida, mas com potencial limitante, porque jamais vai conseguir os ganhos estéticos de um blast, como nível de competição, usando uma dose tão baixa. Então existe grande diferença de fazer blast e se manter em low testo, depende do seu objetivo e se está priorizando saúde.”
2) João Victor: Dudu, na sua opinião, treinos de alta intensidade e pouco volume (Heavy duty, HIT…) são mais efetivos que treinos “comuns” (ABCDE, ABC2x….) ?
“Não. Eficiência depende muito da forma que você treina, e nas divisões tradicionais você tem muitas possibilidades. Lembrando que HIT é treino full body (corpo todo num dia), idealizado pelo mestre Artur Jones, enquanto o Heavy Duty foi criado por Mike Mentzer como uma adaptação do HIT, mas separando grupos musculares, e aumentando tempo de descanso. Dorian adaptou o método da sua forma, e existem outros treinadores como Waldemar Guimarães que seguiram a mesma linha. Acho que você pode ter excelentes resultados usando as duas formas de treino, ou melhor, periodizando seu treinamento usando rotinas variadas. Os estudos mostram que você pode ter ganhos treinando 2-3 x na semana, como treinando 5-6x na semana. Aí entram outros fatores, risco de lesão treinando em alta intensidade (é preciso ter experiência), estímulo metabólico menor no HIT, onde você fica restrito a estímulos tensionais (carga, amplitude de movimento), enquanto no método tradicional pode trabalhar ambas as formas de acordo com sua periodização.”
3) Gabriel De Pádua: Se a Yoimbina (Yomax) serve para deixar o penis ereto, mas que tbm ajuda na queima de gordura, se for usada com a cafeina e efedrina que causa desfunção erétil, o uso combinado visando a potencialização da lipólise pode ser usada com segurança? Qualquer individuo pode usar ? Ou tem uma determinada faixa de idade/BF ?
“Não existe segurança total quando se fala em termogênicos. Algumas pessoas são sensíveis a ter problemas mesmo com cafeína, quanto mais efedrina. Se a pessoa tem hipertensão e problemas cardiovasculares tem que evitar essas drogas. Você pode usá-las visando aumento da lipólise e queima de gordura, mas vai ter um rebote após o uso, pelo crash metabólico e também pelo aumento do apetite ao suspender a efedrina. Eu já disse anteriormente que se a pessoa quer um resultado sólido deveria evitar termogênicos, só são úteis para resultados temporários, para quem deseja atingir um percentual de gordura a nível de competição. Para pessoas comuns, ou que estão acima de 8% de BF, não recomendo usar, exceto cafeína nesse caso. Os termogênicos interferem negativamente nas adaptações induzidas pelo treinamento, já que essas drogas (efedrina e yoimbina) atuam nos mesmo receptores das catecolaminas (adrenalina, noradrenalina), os receptores alfa e beta-adrenérgicos.”
4) Leonardo M. Neto: Um endomorfo jamais terá a cintura com aspecto fina, ou com alimentação regrada (cutt pesado, off limpo) isso pode se tonar possível?
“Em geral pela estrutura óssea isso não pode ser modificado com treinamento e dieta, é da natureza do biotipo. Basta olhar fisiculturistas famosos como Jay Cutler, Markus Rhul, Evan Centopani. Nesse caso para melhor harmonia do shape deve se priorizar desenvolvimento de dorsais, ombros e coxas. O endomorfo terá mais facilidade de aparência freak e muita dificuldade se quiser ser um fitness, mens physique.”
5) Kawann Alves: Qual a melhor forma de diminuir assimetrias? em casos visíveis, estéticos
“Exercícios uniarticulares, o que para peitoral e dorsal é um grande desafio, mas coxas e braços é mais simples.”
6.1) Vinicius Henning: Em qual categoria e/ou nível de campeonato BC começa a ser necessário na sua opinião.
6.2) Jason P Giga: A cada dia se ve mais e mais atletas amadores aderindo ao “blast eterno”, alegando a inexistência do fator homeostase devido a uma troca das drogas utilizadas a cada 8 ou 12 semanas, mesmo que mantendo as doses totais iguais ou próximas. Esse assunto dificilmente possui uma resposta única e concreta que esteja comprovada por algum paper, mas gostaria de saber da sua opinião a cerca da importância do cruise para os competidores.
“6.1: Em categorias de peso sênior, principalmente acima de 80kg, mas se você quer competir em grandes campeonatos aí até nas sênior mais leves BC se torna indispensável para um shape de alto nível. Na mens physique e no clássico em geral você pode se manter natural no OFF mais facilmente, porque não precisa uma diferença tão grande na relação peso-altura. Mas não tem regra aqui, potencial genético diferencia muito a capacidade de cada um de se adequar em uma categoria, e alguns caras baixos competem muito pesado, tendo vantagem sobre os mais altos no mesmo peso. Conheço alguns caras que competem em categorias pesadas e ficam off de hormônios, mas sofrem pra voltar no shape de competição depois, ou dão apenas intervalos de 1-2 meses sem tomar nada, achando que a TPC foi bem feita, mas em geral não fazem exames pra garantir.
6.2: Sobre a homeostase, ela existe, independente de trocar drogas ou não. O erro das pessoas é achar que esteroides diferentes atuam por mecanismos diferenciados, quando na verdade os receptores das drogas são os mesmos (via do receptor androgênico principalmente), então ao trocar esteroides você pode ter algumas particularidades de efeitos diferenciados (aromatização, queima de gordura, potencial anabólico), mas a perda de sensibilidade do receptor (taquifilaxia) com o tempo e com a dose vai ocorrer de qualquer forma. No longo prazo você percebe que os atletas que fazem blast eterno não necessariamente evoluem muito diferente do que alguém que faz cruise, e muitas vezes são as alterações na dieta e treinamento que potencializam a quebra de homeostase, e não a mudança de drogas. O cruise tem sua importância principalmente para melhorar as taxas e manter-se mais próximo de taxas saudáveis, o que é um grande desafio, principalmente ao perfil lipídico”
7) João Paulo Ferronato: Qual o melhor método de calcular o volume de treino adequado para cada indivíduo?
“Feeling, isso depende muito da experiência e do objetivo de cada um. Em geral os novatos treinam muito mais do que precisam porque gostam de passar o tempo na academia, e não porque precisam de mais estímulo, ou porque o excesso de volume deles compromete a intensidade do treino. Só um treinador experiente para avaliar cada caso, conforme o feedback que tem do aluno, mas como disse anteriormente estudos mostram ganhos em indivíduos avançados mesmo com baixo volume de treino semanal. ‘Na prática, tem-se verificado que treinos com volume de até 12 séries semanais (6 séries por sessão de treino) são suficientes para os músculos grandes do tórax (peito e costas), podendo haver mais séries para os músculos da coxa e devendo haver menos para bíceps e tríceps, se realmente for necessário treinar os músculos pequenos…Recentemente foi realizada uma meta-análise com estudos apresentando atletas competitivos como amostra e se verificou que os melhores resultados eram obtidos com volumes de 8 séries diárias (Peterson et al., 2004)' (Paulo Gentil)”.
8) Flávio Teixeira: Qual a melhor alternativa pra meninas que não querem parar com o anticoncepcional, mas sofrem com acúmulo de gordura no culote, supostamente causado pelo estrogenio??
“Se não conseguir com treino e dieta não tem outro jeito a não ser parar com anticoncepcional, mas existe um claro conflito de objetivo entre usar anticoncepcional e querer ganhar massa muscular e perder gordura. É como perguntar, ‘como ser um top bodybuilder internacional sem abusar de hormônios?', lol”.
9) Victor Barreto Marques: Quais sãos os quadrantes “ótimos” conseguidos pós uma tpc excelente para os exames de testo total, livre, e2, prolactina, fsh e lh?
“Não sei se faz sentido essa pergunta, porque o ideal é você manter seus valores pré-ciclo, principalmente em relação a testosterona e estradiol (E2). O LH e FSH vão ficar da forma necessária para estabilizar sua testosterona. A razão T/E2 deve ser respeitada, de forma que ter uma testosterona baixa naturalmente implica um E2 baixo, como se você tem testosterona total (T) em ~300ng/dl com E2~ 12-15pg/ml, seria natural esperar que alguém com T~900ng/dl tivesse um estradiol em ~40-50pg/ml. Ter valores altos de testosterona não necessariamente implicam melhores resultados e bem-estar, o importante é manter aquilo que seu corpo naturalmente te deu e ainda te mantém saudável e com bons resultados. Se não for o caso, então seria necessário uma TRH, mas particularmente já vi físicos excelentes de ótimo potencial genético com testosterona na faixa de ~300-400ng/dl e físico ruins com testosterona alta”.
10) Iago Medeiros: Dudu, o que é mTor (de maneira simples) ?
“Vou tentar a resposta mais simples. A mTOR é uma proteína que exerce várias funções na célula, dentre as principais, aumento da síntese proteica e proliferação celular. A mTOR é ativada por uma cascata de sinalização intracelular (PI3K/Akt/mTOR), que pode ser ativada por fatores nutricionais (aminoácidos, principalmente leucina), hormonais (IGF-1, insulina, GH, testosterona) e mecânicos (treinamento de força/hipertrofia). A mTOR é a principal via de crescimento muscular, e sua inibição ocorre principalmente com aumento da proteína AMPK, que tem sua expressão aumentada durante o exercício aeróbico e a restrição calórica (baixo estoque de glicogênio muscular)”.
11) Leandro Rocha: Dudu, se a minha dieta estiver com a quantidade necessária de macros e micro nutrientes e mesmo assim não dar a quantidade necessária de calorias. O que devo fazer, suprir o déficit baseando na quantidade de calorias ou basear-se somente na quantidade nutrientes e que se dane calorias, o que você acredita que seja mais eficiente em um trabalho de hipertrofia?
“Na verdade você só pode fixar os macros da dieta baseando nas necessidades de proteínas (~1,6-2 g/kg para hipertrofia) e gorduras (~20-30% das calorias totais). A quantidade de carboidratos você completa de acordo com seu objetivo, sendo para hipertrofia um superávit adicional recomendado de ~500kcal acima do seu gasto energético diário (TMB + atividade física). Então você escolhe o nutriente para ter um excesso de calorias visando hipertrofia, uma vez que depois de fixado o mínimo de macronutrientes necessários, o carboidrato é o mais determinante para gerar ganhos de massa muscular ou perda de gordura. Se você completar o excesso de calorias com gordura ou proteína o resultado não é o mesmo quando se fala em hipertrofia, porque é o excesso de carboidrato permite o organismo poupar proteína para síntese proteica, enquanto usa o glicogênio como combustível para o treinamento. Proteína não é um bom substrato energético para ser usado no treinamento, então o excesso é oxidado pelo organismo nesse caso, e os ganhos tendem a ser menores pelo baixo carboidrato. Inclusive tem um estudo recente mostrando que o excesso de calorias provenientes exclusivamente de proteínas (4,4g/kg) não provocou ganho de peso e de massa muscular.”
abraços, dudu haluch