Aprendi a pensar longe da universidade, aprendi a pensar com alguns poucos homens e com muitos livros, na solidão da minha casa, em conversas com alguns poucos e raros amigos pensadores. Mestres no ensino superior tive poucos, a maioria estava lá apenas para adestrar a massa, não eram educadores. Não é possível formar um pensador em uma universidade, isso não faz nenhum sentido na verdade. Na universidade você adquire uma formação e uma profissão; ter vocação é para poucos, homens raros, despreocupados com acúmulo de conhecimento inútil, homens sem pressa, homens que com 30 anos se sentem crianças diante da imensidão do conhecimento. Na verdade, muitos cursos superiores deveriam ser apenas técnicos, o ensino superior não tem nada de “superior”, ele é comum a qualquer um, quer tenha vocação ou deseje apenas uma profissão, sendo que na verdade é feito apenas para esse último.
Ainda me perguntam porque escolhi filosofia, porque mudei de um curso de humanas para um curso de exatas (física), sem nenhuma relação aparente – acreditam eles; porque larguei um doutorado em física (no último ano) para estudar nutrição, aos 30 anos; porque não escolhi medicina se falo tanto de hormônios. Porque eu sou um pensador e também uma criança buscando aprender, eu faço o que amo, aquilo que satisfaz a minha alma, aquilo que me completa. Apesar do solo infértil de nossas universidades, eu ainda gosto de estar lá, talvez na esperança de aprender algo novo ou conhecer alguém que se sinta assim também.
Dudu Haluch