Existe uma forte crença entre alguns profissionais da área de saúde que déficit calórico não é o mais importante para promover emagrecimento. O erro básico aí é na própria falta de compreensão do gasto energético e seus componentes e também em dar credibilidade em estudos que não são feitos em ambiente controlado (onde a ingestão energética e a atividade física são monitoradas constantemente pelos pesquisadores).
O gasto energético diário tem basicamente 3 componentes, sendo dado por: GET = GER + ETA + GAF. GER é o gasto energético do indivíduo em repouso (equivalente a sua TMB, taxa metabólica basal); ETA é o efeito térmico dos alimentos, energia gasta pelo organismo para digerir, absorver e metabolizar os Macronutrientes (cerca de 10% do GET); GAF é o gasto energético da atividade física, energia gasta pelo indivíduo para se exercitar e fazer as atividades do dia a dia.
Se a ingestão calórica é igual ao GET não há como perder peso/gordura, pois as reservas de gordura só podem ser gastas se houver demanda energética do organismo, como aumentar a atividade física (GAF), mas nesse caso obrigatoriamente GET irá ser maior que a ingestão calórica.
Quando alguém diz não conseguir emagrecer mesmo comendo menos que seu gasto energético diário (GET) obviamente está estimando o GET errado, principalmente porque as equações para estimar GER/TMB não são precisas e você ainda pode errar feio para estimar seu GAF. Ou seja, você não está comendo menos que seu GET porque o cálculo do seu GET está errado.
Distúrbios hormonais (hipotireoidismo, baixa testosterona, cortisol elevado, resistência à insulina etc) podem afetar o metabolismo, reduzindo o gasto energético de repouso (GER) e consequentemente o GET, então não tem nada a ver dizer que não se emagrece comendo menos que o GET. Distúrbios hormonais, metabólicos, alterações na microbiota etc, podem dificultar o emagrecimento, mas não são suficientes para explicar a estagnação dos resultados, principalmente no curto prazo.
Existem pessoas que perdem gordura com mais facilidade do que outras (sensíveis à dieta), o que pode estar relacionado às diferenças genéticas e na própria característica da microbiota, além de grandes diferenças no GAF. Também já expliquei em outros posts que o reganho de peso depois de alguns meses de dieta ocorre pela falta de adesão, devido ao aumento da fome, que se eleva com a perda de peso. Ou seja, quanto mais peso/gordura você perde, maior é o esforço para manter o peso perdido. Infelizmente é muito difícil e pouco comum uma pessoa conseguir manter uma grande perda de peso sem recuperar parte do peso perdido.
Dudu Haluch