A injeção de grande quantidade de testosterona pode aumentar o metabolismo basal por até 15%. Mesmo a quantidade normal de testosterona, secretada pelos testículos durante a adolescência e no início da vida adulta, aumenta o metabolismo em 5% a 10% acima do valor esperado, caso os testículos não fossem ativos. O metabolismo aumentado possivelmente é resultado do efeito da testosterona sobre o anabolismo proteico, aumentando a quantidade de proteínas- especialmente enzimas – e, assim, aumentando a atividade de todas as células (GUYTON & HALL, 12ª edição) [1, 2].
O mesmo deve valer para os demais esteroides androgênicos, mesmo os com baixo ou nenhum poder termogênico, como nandrolona, dianabol, hemogenin. Isso explicaria porque as pessoas podem reduzir a gordura corporal sem um efeito termogênico direto da droga, apenas por um aumento do metabolismo basal devido ao uso do hormônio. Isso logicamente não considerando as alterações na dieta, ou também a resposta individual de cada um, pois algumas pessoas sensíveis ao estrogênio podem acabar ganhando gordura em uma dieta hipercalórica com o uso de esteroides [3].
É importante notar também que o pós-ciclo vai acabar levando a uma queda do metabolismo basal, não só pela suspensão do uso de esteroides, como também pelos baixos níveis de testosterona em consequência da inibição do eixo HPT (hipotálamo-pituitária-testicular) pelo uso dos esteroides androgênicos, e isso explica os ganhos de gordura e perda de massa magra que ocorrem pós-ciclo de esteroides.
Dessa forma, a taxa metabólica para hormonizados, deve incluir um fator de hormonização (FH), que durante o ciclo vai ter um valor positivo, que por estimativas deve variar entre 5-15% da taxa metabólica. No pós-ciclo o fator hormonização assume valores negativos, pela queda do metabolismo basal, devidos a suspensão do uso de androgênios e a supressão do eixo HPT. Por esse motivo, um usuário de esteroides tem que saber que manter o peso pós-ciclo vai inevitavelmente elevar seu percentual de gordura no caso de uma dieta hipercalórica. No caso de uma dieta de definição, a restrição calórica também acaba afetando a taxa metabólica, pela redução dos níveis de T3 [4].
Equação de Harris- Benedict (1919) [5]:
TMB (homens) = 66 + (13.7 x P) + (5 x A) – (6.8 x I) = número de kcal
com atividade física:
TMB (homens) = [66 + (13.7 x P) + (5 x A) – (6.8 x I)] x AF
Equação de Harris- Benedict-Haluch (para HORMONIZADOS):
TMB (homens) = [66 + (13.7 x P) + (5 x A) – (6.8 x I) + FH] x AF = (Total + FH) x AF
P = peso; A = altura (cm); I = idade; AF = nível de atividade física.
Nível de Atividade Física:
Sexo / Leve / Moderada / Intensa
Feminino 1,56 1,64 1,82
Masculino 1,55 1,78 2,10
Leve: atividade física com duração de 30 minutos, praticada de 1 a 2 vezes por semana.
Moderada: atividade física com duração acima de 30 minutos, praticada de 2 a 4 vezes por semana.
Intensa: atividade física com duração acima de 1 hora, praticada 5 vezes por semana ou mais.
TMB = taxa metabólica basal
FH = fator hormonização ou fator HALUCH
Se considerarmos um aumento de 10% na TMB pelo uso de hormônios, então FH = 0,1xTMB. No meu caso a TMB ficaria assim:
P = 83kg, A = 172cm, I = 30anos, FH = 0,1xTMB
TMB sem AF = 1859kcal
FH = 0,1×1859 = 185,9kcal
TMB = 1859 + 185,9 = 2045kcal
Outra equação, que achei mais precisa, e inclui nível de atividade física (AF) [6]:
NEE (homens) = 662 – (9,53 x I) + AF (15,91 x P + 539,6 x A)
NEE (mulheres) = 354 – (6,91 x I) + AF (9,36 x P + 726 x A)
NEE = necessidades energéticas estimadas
P = peso; A = altura (m); I = idade; AF = nível de atividade física.
Com o fator de hormonização (FH):
NEE (homens) = 662 – (9,53 x I) + AF (15,91 x P + 539,6 x A) + FH
NEE (mulheres) = 354 – (6,91 x I) + AF (9,36 x P + 726 x A) + FH
Nível de Atividade Física:
Feminino/Masculino
sedentário = 1,00/1,00
pouco ativo = 1,12/1,11
ativo = 1,27/1,25
muito ativo = 1,45/1,48
Uma estimativa para o pós-ciclo seria uma redução de ~10% da taxa metabólica basal, então FH seria negativo:
FH = – 0,1 x NEE
No total eu especulo que você teria uma redução redobrada do metabolismo, porque além de cessar o uso de hormõnios, seu eixo hormonal está inibido. Mesmo que um peso maior aumente sua TMB você precisa considerar essa queda dela devido ao fator hormonização. Seria preciso mais estudos e análises para determinar a importância de FH na TMB, mas podemos ter certeza que os esteroides androgênicos têm uma grande influência na nossa taxa metabólica. A ideia principal aqui não é fornecer uma fórmula exata para calcular TMB para hormonizados, apenas explicar como ela pode ser alterada no contexto de um indivíduo que usa hormônios, seja para fins estéticos ou terapêuticos.
abraços, DUDU HALUCH
REFERÊNCIAS:
[1] Tratado de Fisiologia Médica, GUYTON & HALL, 12ª edição.
[2] Effect of testosterone on metabolic rate and body composition in normal men and men with muscular dystrophy. Welle S et al. J Clin Endocrinol Metab. 1992 Feb;74(2):332-5.
[3] TESTOSTERONA, ESTRADIOL E GORDURA ABDOMINAL (DUDU)
[4] Decrease in resting metabolic rate during rapid weight loss is reversed by low dose thyroid hormone treatment.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3959900
The effect of varying carbohydrate content of a very-low-caloric diet on resting metabolic rate and thyroid hormones.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3702673
Resting metabolic rate, body composition and thyroid hormones. Short term effects of very low calorie diet.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2076860
http://abran.org.br/para-o-publico/calculadoras/taxa-metabolica/
http://www.gyplan.com/pt/calorie_pt.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Harris–Benedict_equation